“Abenomics” sai reforçado de eleição de abstenção altíssima

  • Por Agencia EFE
  • 14/12/2014 17h09

Antonio Hermosín.

Tóquio, 14 dez (EFE). – O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e sua estratégia de reativação econômica conhecida como “Abenomics” saíram reforçados das eleições antecipadas realizadas neste domingo no Japão, que registraram um mínimo histórico de participação.

A coalizão governante formada por seu partido, o conservador Partido Liberal-Democrata (PLD), e o budista Novo Komeito, alcançaram uma contundente maioria que os garantiu dois terços da câmara, segundo dados da emissora estatal “NHK”. As duas forças juntas obtiveram 325 dos 475 cadeiras da câmara, e confirmaram a maioria qualificada das eleições de dezembro de 2012.

Abe foi o grande vencedor de uma eleição convocada por ele mesmo, que pautou como um referendo sobre sua ousada política econômica, e que o permitirão seguir adiante com outros temas controversos, como a reativação dos reatores nucleares e a reinterpretação da Constituição pacifista.

A prioridade para esta nova etapa será “fazer todo o possível para conseguir a recuperação econômica, e reforçar as relações diplomáticas e a segurança” do Japão, afirmou Abe em entrevista à “NHK” logo após os primeiros resultados.

“Os eleitores confiaram em nós para continuar a aplicar a Abenomics”, assinalou o primeiro-ministro em alusão a sua estratégia destinada a tirar a terceira economia mundial da deflação e da recessão técnica, através de agressivos estímulos monetários e de um volumoso gasto público.

Apesar deste plano ainda não estar dando os frutos desejados e de seu governo ter sido afetado por vários escândalos de corrupção, os partidos da oposição não conseguiram pôr em interdição a liderança de Abe.

A principal força da oposição, o Partido Democrático (PD), conquistou mais de 70 cadeiras e melhorou seus desastrosos resultados de 2012, quando perdeu o poder quase como punição do eleitorado à sua gestão da crise de Fukushima. Por outro lado, o Partido da Restauração (PRJ), de direita nacionalista, quarta força política em 2012 com 55 cadeiras, viu sua representação se reduzir em mais de uma dezena de assentos.

Uma das surpresas do dia foi o auge do Partido Comunista, que obteve seu melhor resultado nos últimos 14 anos com pelo menos 20 cadeiras, mais do que o dobro que tem atualmente, e alcançou pela primeira vez a representação em prefeituras, como Hokkaido e Okinawa.

Estas eleições despertaram pouco interesse entre os eleitores japoneses, conforme indicou a elevada abstenção de um dia marcado pelo temporal de neve que castiga o centro e o norte do Japão. A participação foi de 52,7%, 6,6 pontos a menos do que em 2012 e o mínimo registrado no Japão desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com uma estimativa da agência de notícias “Kyodo”.

Abe qualificou estes dados de “muito decepcionantes”, ressaltou a necessidade de “reforçar a confiança dos eleitores” e agradeceu aos que foram às urnas “apesar da neve e do frio”.

Em todo caso, o primeiro-ministro ganhou tempo para avançar nas delicadas questões da energia nuclear e com sua agenda de Defesa e de Exteriores, que mal foram objeto de atenção em uma campanha eleitoral monopolizada pelo debate sobre “Abenomics”.

Entre os temas estratégicos de seu novo mandato estará a reativação dos 48 reatores nucleares do Japão, que permanecem apagados desde a crise de Fukushima de 2011, e a revisão da Carta Magna japonesa, destinada a aumentar o perfil militar do Japão em nível internacional.

Se conseguir completar a legislatura – algo pouco habitual no Japão -, Abe poderia entrar na lista dos primeiros-ministros mais longevos da história do país, superando outros símbolos de seu próprio partido, como Yasuhiro Nakasone (1982-87) e Junichiro Koizumi (2001-2006). EFE

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