Acapulco vira epicentro dos protestos por desaparecimento de 43 estudantes
Acapulco (México), 17 out (EFE).- A cidade turística de Acapulco tornou-se nesta sexta-feira o centro dos protestos pelo desaparecimento de 43 estudantes há três semanas, um caso sobre o qual a cada dia há menos informações oficiais, enquanto a sociedade exige novos dados e aumenta a tensão entre familiares e companheiros.
Três semanas após a violenta noite de 26 de setembro, quando seis pessoas morreram e os 43 estudantes desapareceram por ação de policiais, ainda não se sabe nada sobre seu paradeiro. Apenas que eles não estão nas fossas nas quais os detidos (a maioria policiais) disseram tê-los enterrado, uma informação divulgada pelo procurador de justiça Jesús Murillo na última terça-feira – são os últimos dados oficiais conhecidos sobre o caso.
Por isso, a maior exigência dos manifestantes reunidos hoje em Acapulco foi a de que sejam dadas mais informações e que as investigações avancem.
Apesar do medo de que pudesse haver atos de violência, a manifestação que juntou parentes dos desaparecidos, colegas dos estudantes e sindicatos de professores transcorreu em clima tranquilo, exceto por poucos atos de vandalismos isolados. Os participantes se solidarizaram com as famílias dos jovens estudantes da Escola Rural de Ayotzinapa que desapareceram no dia 26 na cidade de Iguala.
Por este caso, foram detidas cerca de 50 pessoas, em sua maioria policiais de Iguala e do município vizinho de Cocula, todos supostos membros do grupo criminoso Guerreros Unidos. Enquanto isso, continuam os trabalhos de análise de quase 20 fossas achadas durante as investigações oficiais, incluindo as achadas por familiares e membros de grupos de autodefesa local como a União de Povos e Organizações do Estado de Guerrero (UPOEG).
Segundo o presidente da Confederação Patronal da República Mexicana (Coparmex) em Acapulco, Joaquín Badillo, o setor turístico foi afetado pelos protestos dos últimos dias. De quarta-feira até hoje, foram registrados entre 60% e 70% de cancelamentos de reservas em hotéis, sobretudo de turistas que viajam pela Rota do Sol, que liga a cidade à capital do país, pois os protestos incluíram o bloqueio desta rodovia.
A própria embaixada dos Estados Unidos no México advertiu na quinta-feira aos cidadãos de seu país sobre esta manifestação e recomendou “evitar esta região durante a duração do protesto”.
Por outro lado, hoje os deputados de Guerrero decidiram revogar o mandato do prefeito de Iguala, José Luis Abrange, que foi chamado a prestar depoimento pelos fatos violentos e permanece em paradeiro desconhecido.
Diante da lentidão da resposta das autoridades, crescem os rumores e declarações divulgados pela imprensa ou por figuras da vida pública como o sacerdote Alejandro Solalinde, que disse hoje que uma testemunha dos fatos lhe narrou que os estudantes foram queimados vivos.
Ao ser questionado se falava de todos ou de uma parte dos 43 jovens desaparecidos e se conhecia o lugar no qual eles foram assassinados, o ativista afirmou que não sabia porque “a informação está fragmentada”. EFE
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