“Acordo sobre Grécia tem mais vantagens que inconvenientes”, afirma Merkel
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, assegurou nesta segunda-feira (13) que o acordo entre os líderes da zona do euro tem mais vantagens do que inconvenientes, e que as exigências a Atenas estão dentro dos parâmetros do que foi pedido a Espanha e Portugal em troca de seus programas de ajuda.
“Posso recomendar o início destas negociações (para um terceiro resgate à Grécia) de forma consciente, porque as vantagens compensam os muitos inconvenientes”, declarou a chanceler ao término da reunião do Eurogrupo, encontro entre os chefes de Estado ou de Governo da zona do euro.
“Está em linha com os programas que acertamos com outros países. Enda Keny, Passos Coelho e Mariano Rajoy falaram muito de seus programas e que este não era nada especial, com exceção das quantidades que envolve”, acrescentou.
Merkel assegurou que agora há condições para poder recomendar que o Bundestag aprove a retomada das negociações para um programa concreto do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) para a Grécia, já que o acordo inclui de um lado “solidariedade” dos Estados-Membros e por outro a “vontade para realizar reformas” de Atenas.
“Nas semanas anteriores com efeito se perdeu a confiança”, reconheceu, ao mesmo tempo em que destacou que agora o que resta é aplicar o que foi acertado durante a noite.
Merkel explicou que o Parlamento grego deverá adotar antes da quarta-feira uma série de medidas prioritárias relacionadas, entre outras coisas, com o sistema de pensões, a tributação e o escritório de estatísticas, para poder dar os Parlamentos nacionais o mandato para votar.
“As três instituições e o Eurogrupo certificarão que o que acertamos pode seguir em frente como fechamos acordo, e depois convocaremos uma reunião do Bundestag”, continuou.
Merkel disse que as necessidades de financiamento foram cifradas entre 82 bilhões e 86 bilhões de euros para os próximos três anos, e ressaltou que serão tomadas medidas para zelar pela sustentabilidade da dívida como a injeção de 50 bilhões de euros em um fundo de privatizações, que incluiria a privatização de bancos recapitalizados.
“As receitas deste fundo, que funcionará sob supervisão europeia, serão usados para redimir pelo menos em parte a dívida assumida pelo MEE”, explicou Merkel.
“Cerca de 12,5 bilhões destes 50 bilhões de euros serão voltados a investimentos diretos”, acrescentou.
Em matéria de dívida, a chanceler alemã disse que o Eurogrupo está disposto se for necessário a adotar medidas adicionais, como já tinha sido dito em novembro de 2012, para facilitar os termos do pagamento, por exemplo com períodos mais longos.
Mas Merkel destacou que não se falará desta questão até que seja feita a primeira avaliação positiva do novo programa e que em nenhum caso incluirá perdão nominal de dívida.
Perguntada sobre a ideia alemã de excluir a Grécia de forma temporária da zona do euro, Merkel disse que ao ter funcionado o plano A não é necessário o plano B.
Sobre a possibilidade de conceder ao sistema bancário grego um empréstimo-ponte para que cumpra com seus compromissos até que se conceda o terceiro resgate, Merkel explicou que é uma questão que o Eurogrupo tem que debater.
“Está claro que o dinheiro devido pelo Banco Central Europeu tem que ser encontrado, mas não posso dizer nada mais”, finalizou.
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