Acusação surpreende vizinhos de homem que manteve mulher presa por 10 anos
Los Angeles (EUA), 22 mai (EFE).- A procuradoria do condado de Orange (Califórnia, EUA) indiciou nesta quinta-feira o hispânico Isidro García de violentar e manter em cativeiro por uma década uma menina de 15 anos, a quem obrigou a casar-se com ele e com a qual teve uma filha, o que surpreendeu muitos vizinhos do sequestrador.
Para os vizinhos de García parece difícil aceitar que a jovem mãe, que agora tem 25 anos, realmente fosse forçada a viver com seu sequestrador durante esse tempo.
“Ela era livre, saía em seu carro e trabalhava fazendo limpeza em escritórios do governo”, declarou à Agência Efe María Sánchez, vizinha e amiga de García, a quem conhecia como Tomás “Tomasito” Medrano, um homem religioso e dedicado à esposa.
Segundo o Departamento de Polícia de Santa Ana, a jovem, que supostamente foi obrigada a casar-se com García e utilizava o nome de Laura Ortiz, o denunciou na segunda-feira passada por violência doméstica e informou que ele a tinha sequestrado em 2004, quando ela tinha 15 anos.
A procuradoria do distrito de Orange emitiu nesta quinta-feira um comunicado no qual confirma que há 10 anos a jovem foi reportada por sua mãe como “desaparecida” e apontou García como suspeito de tê-la sequestrado.
De acordo com as autoridades policiais, uma denúncia efetuada em 2004 revela que a jovem de 15 anos desapareceu em agosto desse ano, quando vivia com sua mãe e o namorado desta, Isidro García, no conjunto residencial Villa del Sol.
“García está acusado de atrair a jovem em junho de 2004, comprando-lhe presentes e a defendendo quando ela e sua mãe discutiam”, confirmou hoje a procuradoria de Orange, que afirmou que “entre julho e agosto de 2004 García beijou a adolescente na boca e lhe acariciou”.
O imigrante original do estado mexicano de Morelos está acusado de “violentá-la sexualmente em três ocasiões separadas e forçá-la sexualmente pelo menos uma vez na residência onde viviam juntos”.
Segundo as acusações apresentados nesta quinta-feira, uma vez que García sequestrou a adolescente, em agosto de 2004, a levou a viver a Compton, ao sul de Los Angeles, onde a manteve drogada e fechada em uma garagem e lhe forneceu uma identidade falsa.
A fim de não ser localizado, García mudou de residência pelo menos quatro vezes nos últimos dez anos e disse à jovem, que naquela época vivia há menos de seis meses nos Estados Unidos, que sua família tinha desistido de buscá-la e a ameaçou com a deportação.
De acordo com procuradoria, após abusar sexual, física e emocionalmente da jovem, em 2010 García a obrigou a casar-se com ele e dois anos depois tiveram uma filha.
“A menina era sua adoração”, assegurou Sánchez, que assinalou que seu pai a chamou de Lupe, “porque é muito devoto de Nossa Senhora de Guadalupe”.
“Dizer agora que ele as tinha sequestradas é incrível para nós. Se ela estava sequestrada e forçada, por que não procurou as autoridades antes se ela podia sair e entrar quando queria?”, questionou a vizinha e amiga do casal.
Para a família Sánchez, e para outros vizinhos que conheceram o casal durante os últimos anos, “falta um pedaço” na história, tal como disse outro vizinho que preferiu não identificar-se.
García foi acusado formalmente nesta quinta-feira de estupro, três atos lascivos com um menor de idade e um delito grave de sequestro para cometer um crime sexual.
Se for considerado culpado de todas as acusações, o hispânico, para quem foi fixada uma fiança de US$ 1 milhão, pode pegar uma pena de entre 19 anos e prisão perpétua. EFE
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