Advogado contraria Dilma e diz que conselho da Petrobras teve tempo hábil para analisar documentos de Pasadena
O ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, foi apontado como o autor do resumo que balizou a aprovação da compra da refinaria de Pasadena pela empresa. A presidente Dilma Rousseff, ministra de Minas e Energia em 2006, alegou ter se baseado em um documento falho.
Em entrevista à Rádio Jovem Pan, o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, alegou que os conselheiros tiveram tempo hábil para analisar os papéis e disse que o ex-diretor fez uma apresentação sucinta ao conselho, mas antes disso, a diretoria executiva, por norma interna da Petrobras, submete ao Conselho toda a documentação pertinente ao contrato que será aprovado ou não, e o próprio contrato com todas as suas cláusulas.
“Todos os conselheiros tiveram acesso a esta documentação com antecedência. (…) Nenhum conselheiro vai votar a aprovação de um contrato baseado em um resumo, ainda mais um resumo de uma página e meia. Um conselheiro, quando vai votar um contrato desse, tem uma antecedência de 15 dias, pelo menos, para tomar conhecimento de todos os dados. Ele não pode basear o seu julgamento em um simples relatório”, explicou o advogado.
Com relação à justificativa da presidente Dilma, de ter se baseado em um documento falho, Ribeiro afirma que torce para que tenha havido um “esquecimento” dos conselheiros.
“Eu quero crer que, em razão do lapso temporal, tenha havido um esquecimento desses conselheiros que declararam não ter conhecimento, não ter sido colocado à disposição deles essa documentação. Eu só posso atribuir a esse lapso temporal: o esquecimento. Isso é norma da própria Petrobras, então nada foi feito diferente”, avaliou.
A indignação do ex-diretor da Petrobras é justamente ter sido colocado como bode expiratório de uma pretensa aquisição desastrosa de uma refinaria. De acordo com o advogado, Pasadena não foi desastrosa.
“Ela foi comprada pelo preço de mercado, então está tudo dentro dos parâmetros da época. Agora, se você olhar uma visão de agora, 2014, o que acontecia em 2005 e 2006, onde toda a situação econômica mundial mudou, aí é diferente. Naquela oportunidade, 2005 e 2006, Pasadena era uma boa perspectiva”, contou Ribeiro.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou nesta quarta-feira que o conselho da Petrobras agiu de forma correta no caso Pasadena e não teme uma CPI no Congresso Nacional.
“O governo não teme qualquer investigação. Eu não estava no Conselho de Administração quando ela foi adquirida, mas eu tenho a certeza que o Conselho de Administração agiu corretamente nessa ocasião, assim como em outras ocasiões. O Conselho de Administração é formado por pessoas da mais alta competência, do setor público e do setor privado, e, portanto, analisou (…) com toda a profundidade necessária”, disse o ministro.
O ex-diretor internacional, Nestor Cerveró, deve prestar depoimento no próximo dia 16 de abril. Confira acima a entrevista completa com o advogado Edson Ribeiro, que ainda falou sobre a posição da empresa belga envolvida no caso e a possível abertura de uma CPI.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.