Afirmações de Skaf revelam “profunda ignorância”, diz diretor financeiro da Sabesp

  • Por Jovem Pan
  • 08/05/2014 18h14
EFE/SEBASTIÃO MOREIRA Nível do Sistema Cantareira cai para 9

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Sabesp, Rui Affonso, criticou as declarações do presidente da FIESP e político do PMDB, Paulo Skaf, acerca da companhia paulista de abastecimento. Skaf, no horário politico de seu partido, criticou a Sabesp por pagar dividendos aos acionistas e deixar de fazer investimentos em meio ao momento de dificuldades no abastecimento de água no Estado.

“Nos causa profunda estranheza as afirmações do sr. Skaf, porque elas, vindo de uma lidernaça empresarial, elas revelam uma profunda ignorância do funcionamento de uma empresa de sociedade anônima, o qual ele deveria, por obrigação, já saber”, critica Affonso. “A sabesp distribui os seus dividendos na forma da lei”, garante.

Ele explica também que a Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 9.457) faz com que as empresas tenham que distribuir no mínimo 25% de seu lucro. “A Sabesp distribui nos últimos 10 anos, em média, algo como 30% do seu lucro a seus acionistas, vale dizer, o governo de São Paulo e milhares de acionistas espalhados pelo Brasil e mundo afora”, informa Rui Affonso. “70% do lucro da Sabesp fica retido na empresa para investimento, os outros 30% a gente tem distribuído”, diz.

“Como a metade desses 30% é distribuída ao Governo de São Paulo, na verdade 85% de tudo que a Sabesp tem de lucro é dedicado ao investimento público, ou diretamente em saneamento, ou em obras que o Governo faz em saúde, segurança, educação, assim por diante”, avalia o diretor da companhia. “É maios o menos o contrário de uma série de empresa públicas que conhecemos”, aproveita para cutucar Affonso.

“Temos uma série de exemplos do Governo Federal, com recursos do Tesouro, recursos de impostos, para segurar, tampar a ineficiência de uma série de outras empresas públicas; isso não acontece com a Sabesp”, garante o diretor econômico-financeiro.

Ou seja, nas contas de Rui, apenas 15% do faturamento da Sabesp não retorna em investimentos, uma vez que ele considera investimentos a parte dos dividendos destinado ao Governo do Estado de São Paulo. Mesmo na possibilidade de haver críticas em relação a esses 15%, que poderiam atrapahar os investimentos necessários no abastecimento da região paulista, Rui Affonso se defende dizendo que “A Sabesp tem investido muitíssimo”. E cita dados.

Segundo Affonso, de 2003 a 2013, o “crescimento do investimento da sabesp foi de 167% acima da inflação”, de R$ 17,3 bilhões em 10 anos, diz. O diretor da Sabesp ainda compara os investimentos da empresa paulista com a média dos investimentos nacionais. “Nesse mesmo período, o investimento total no brasil cresceu 55%”, afirma Rui; “a taxa de crescimento da Sabesp é mais do que o dobro em termos reais do que a taxa de crescimento de investimentos no Brasil”, ostenta.

“É incompreensível uma liderança empresarial fazer uma afirmação dessas”, contra-ataca também Affonso, sobre declaração de que as tarifas da Sabesp seriam as mais caras. “A tarifa média da Sabesp é a 17ª tarifa no ranking das companhias estaduais de saneamento no Brasil”, garante Rui. Ele também afirma que “a tarifa industrial que a Sabesp pratica em São Paulo é a mais baixa do Brasil entre todas as empresas estaduais de saneamento” e que “no campo da tarifa residencial, que é o grande volume de pessoas, de consumidores, a tarifa scial e a tarifa comercial, nós (da Sabesp) estamos entre as cinco menores do Brasil”

Rui Affonso informa ainda que “as tarifas da Sabesp diminuíram em termos reais, isto é, descontado o ipca, 2,2%” de 2007 a 2013. “É tão gritante a diferença entre os números e as afirmações que faz o sr. Skaf, que é muito importante para a companhia esclarecer”, diz o diretor financeiro da Sabesp. Ouça a entrevista no áudio acima.

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