Afonso Dhlakama, um líder paramilitar ancorado na oposição
Alicia Alamillos.
Nairóbi, 14 out (EFE).- O líder paramilitar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhalakama, disputa as eleições presidenciais da próxima quarta-feira buscando uma vitória que não conseguiu em nenhuma das quatro ocasiões nas quais concorreu ao cargo.
Dhalakama é, desde 1984, o líder político da Renamo, movimento criado pela antiga Rodésia (hoje Zimbábue) e África do Sul para lutar contra a extensão do comunismo na região.
Essa ex-guerrilha teve um conflito durante 16 anos com a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) que devastou o país, e após a assinatura do acordo de paz, em 1992, se tornou a principal legenda opositora.
Da mesma forma que em eleições anteriores, Dhalakama procura manter seu posto como principal líder da oposição, pois seu partido conta com 52 das 250 cadeiras da Assembleia moçambicana.
No entanto, a tarefa será complicada devido à irrupção do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que está atraindo eleitores tanto da Renamo como do partido que ostentou o poder desde a independência de Moçambique, em 1975, a Frelimo.
Segundo uma recente pesquisa feita pela Universidade Politécnica de Maputo, o candidato da Frelimo, Filipe Nyussi, ganharia com 47% dos votos, seguido por Daviz Simango, do MDM, com 35%, enquanto Dhalakama só obteria 10%.
Nascido em Magunde em janeiro de 1953, Dhalakama foi perdendo partidários nas sucessivas eleições, e passou de 47,7% no pleito de 1999 a 16,41% no de 2009.
Em 1979, ele foi nomeado chefe da Renamo e foi acusado pela comunidade internacional de cometer crimes contra a humanidade, como massacres de civis e recrutamento de crianças-soldado.
Apesar do acordo de 1992, a Renamo continuou realizando esporádicos ataques em diversas regiões zonas de Moçambique até a assinatura definitiva da paz, no dia 5 de setembro, a 40 dias das eleições.
Dhalakama afirmou em múltiplas ocasiões que não quer “que a guerra volte”, mas também ameaçou reiteradamente restaurar o braço armado da Renamo.
No dia 4 de setembro, o líder reapareceu publicamente após ter permanecido escondido nas florestas de Moçambique desde um ataque do exército à sede da Renamo em Gorongosa.
Durante a assinatura da paz em Maputo, Dhalakama expressou seu desejo de mudar radicalmente o panorama político das “últimas duas décadas” no país, nas quais, segundo sua opinião, ocorreu uma “sistemática concentração do poder para um punhado de privilegiados”.
Nestas eleições, o líder de Renamo deve capitalizar todo o descontentamento que a Frelimo gerou entre a população de Moçambique, um país que, apesar do crescimento gerado nos últimos anos após o descobrimento de grandes reservas de gás, está entre os dez mais pobres do mundo. EFE
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