África do Sul usará exército para pôr fim a ataques xenófobos
Johanesburgo, 21 abr (EFE).- A África do Sul enviará o exército para o antigo gueto negro de Alexandra, em Johanesburgo, para pôr fim aos ataques xenófobos contra imigrantes de outros países africanos, anunciou nesta terça-feira a ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula.
Em um discurso ao vivo em “township”, primeiro bairro onde viveu o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a ministra justificou a medida pela necessidade de “recuperar a autoridade do Estado”.
Ontem, um casal de imigrantes do Zimbábue foi atacado na região. Mapisa-Nqakula disse que o exército ajudará a polícia a deter os vândalos e acabar com a violência xenófoba, que em Alexandra provocou um morto e dezenas de deslocados.
A ministra não informou o número de soldados que participarão da missão nem deu mais detalhes da operação.
Inicialmente, a operação será realizada apenas em Alexandra. No entanto, o governo enviará as Forças Armadas para todos os lugares onde a polícia considerar que se necessitam reforços.
A ministra ressaltou que a cidade de Durban, no leste do país, e Johanesburgo são até agora os pontos mais problemáticos.
Mapisa-Nqakula disse ainda que o casal de zimbabuanos atacado ontem à noite recebeu alta hoje de manhã.
O incidente foi, segundo suas palavras, o que motivou a decisão governamental, que será comunicada ao parlamento nos próximos sete dias.
Dezenas de pessoas originárias do Zimbábue, Moçambique e Malawi abandonaram seus lares em Alexandra no sábado à noite devido aos saques de comércios administrados por estrangeiros e aos ataques contra suas casas por parte de jovens locais.
Neste fim de semana, o moçambicano Emmanuel Sithole morreu após ser apunhalado várias vezes por seus próprios vizinhos de “township”, em um incidente registrado com fotos pelo diário “Sunday Times” e que comoveu a África do Sul.
As fotos publicadas no domingo pelo jornal levaram à detenção de quatro pessoas.
África do Sul vive desde março uma nova onda de ataques contra imigrantes e refugiados de países da África e Ásia em zonas pobres de maioria negra, onde os estrangeiros são acusados de roubas os postos de trabalho dos locais.
A violência -que causou oito mortes e milhares de deslocados- começou em Durban e se estendeu na semana passada para Johanesburgo.
Mais de 300 pessoas foram detidas por participar de atos de vandalismo.
Situado no norte de Johanesburgo, Alexandra é um dos bairros mais pobres da cidade, e em 2008 o epicentro de uma explosão xenófoba que custou a vida de mais de 60 imigrantes. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.