Agência Espacial Europeia detecta atividade vulcânica em Vênus
Madri, 18 jun (EFE).- A nave Venus Express, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), detectou a presença de atividade vulcânica no planeta vizinho à Terra após oito anos de observações.
“A espessura da atmosfera de Vênus impede de ver a superfície do planeta, mas os radares de missões revelaram que está coberto de vulcões e antigas línguas de lava”, segundo explicou a ESA em seu site.
Esta nave, que concluiu no ano passado suas observações, realizou uma série de medidas em diferentes longitudes de onda para esclarecer esta questão.
“As pesquisas mostram que Vênus é quase exatamente do tamanho da Terra e tem uma composição similar”, portanto a ESA considera provável que tenha uma fonte de calor interno que é provável que escape em forma de erupções vulcânicas.
Segundo a agência, alguns modelos de evolução planetária sugerem que em Vênus foi gerada uma superfície nova após uma inundação cataclísmica de lava há cerca de 500 milhões de anos, mas este extremo nunca foi esclarecido e a possibilidade de que continue ativo hoje continua sendo uma questão a ser resolvida.
Em um trabalho publicado em 2010, os cientistas comunicaram que a radiação infravermelha procedente de três regiões vulcânicas era diferente da do terreno circundante e interpretaram este fato como radiação procedente de lava relativamente fresca, ainda não submetida à erosão, mas sem chegar a comprovar se o vulcanismo continua ativo no planeta.
Em 2012 se obtiveram mais dados: um aumento do conteúdo em dióxido de enxofre nas camadas superiores da atmosfera em 2006-2007, seguido de uma queda gradual nos cinco anos seguintes abria a possibilidade de que episódios de atividade vulcânica estivessem injetando grandes quantidades de dióxido de enxofre nas camadas altas da atmosfera.
Atualmente, uma equipe internacional de cientistas de planetas detectou mudanças localizadas no brilho da superfície em imagens feitas com apenas alguns dias de diferença, graças a um canal de infravermelho da Venus Monitoring Camera (VMC), capaz de traçar mapas da emissão térmica a partir da superfície.
O autor principal do trabalho onde se expõem estes resultados é Eugene Shalygin, do Max Planck Institute for Solar System Research, e explica que viram “vários fatos em que uma região da superfície de repente se torna mais quente e depois se resfria de novo”.
Shalygin acrescentou que “estes pontos quentes são áreas de falhas tectônicas, mas é a primeira vez que detectamos que estão quentes e que mudam de temperatura a cada dia, é a melhor evidência até agora de vulcanismo ativo”.
Os pontos quentes estão ao longo da região da falha Ganiki Chasma, próxima aos vulcões Ozza Mons e Maat Mons e se estima que a área, chamada Object A, poderia ocupar não mais de um quilômetro quadrado, com uma temperatura de 830°C, muito superior à média global, que chega a 480°C.
O cientista-chefe da Venus Express, Hakan Svedhem, se mostrou satisfeito de finalmente poder incluir Vênus no “seleto clube de corpos do sistema solar com atividade vulcânica”. EFE
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