Agências humanitárias descrevem cenário devastador em Vanuatu após ciclone
Sydney (Austrália), 16 mar (EFE).- Trabalhadores de organizações humanitárias descreveram nesta segunda-feira como devastador o panorama em Vanuatu após a passagem no sábado do ciclone Pam, de categoria 5, que deixou o país incomunicável.
“Este lugar que foi um paraíso tropical, agora parece com o inferno na terra”, disse à emissora australiana “ABC” a porta-voz da World Vision, Chloe Morrison.
A tempestade, uma das mais potentes que já atingiu o Pacífico Sul em anos devastou as ilhas do arquipélago, que estão incomunicáveis.
O presidente do país, Baldwin Londsdale, que qualificou o ciclone como “um monstro”, disse que o balanço provisório é de seis mortos na capital Port-Vila, onde também há 30 feridos e mil desalojados.
“Espero que o número de mortos não seja muito alto”, disse Londsdale à televisão australiana antes de deixar o Japão, onde participou da conferência da ONU sobre desastres e emergências.
“Teremos uma ideia melhor sobre o número de mortos mais adiante, mas para ser honesta não temos ideia do que está acontecendo. Há 86 ilhas em Vanuatu”, disse a representante da Save The Children, Nichola Krey, a ABC.
“Os caminhos que saem de Port-Vila (a capital) estão bloqueados. Só é possível dirigir cerca de 30 minutos até que se pare pelas árvores caídas na estrada. É preciso limpá-las e por isso não teremos ideia dos números durante um bom tempo”, acrescentou.
O governo de Vanuatu declarou no domingo estado de emergência na província de Shefa, que inclui Port-Vila, mas deve estendê-lo para todo o território deste país do Pacífico Sul à medida que o alcance dos danos for conhecido.
As equipes de resgate realizaram inspeções aéreas das ilhas mais remotas do arquipélago, como Tanna, onde vivem 29 mil pessoas e que teria ficado em ruínas, segundo a chefe do escritório regional da Cruz Vermelha, Aurelia Balpe.
“Viram muitos escombros, prédios completamente destruídos, muitas árvores arrancadas pela raiz. Todas as estruturas de ferro ondulado estão destruídas, as estruturas de cimento estão todas sem-teto”, disse Balpe à rádio “New Zealand”.
“Certamente, com todos os escombros estamos muito preocupados com os ferimentos potenciais que as pessoas podem ter sofrido”, ressaltou Balpe sobre o estado de Tanna, onde foram confirmados dois mortos.
Alice Clements, uma das representante do Unicef em Port-Vila, declarou que os moradores estão comendo raízes e frutas que caíram das árvores, e advertiu que estes alimentos durarão uma semana.
As autoridades tentam restabelecer as comunicações, a eletricidade, e realizar uma enorme tarefa de limpeza, e contam com a ajuda do pessoal de organizações humanitárias que começou a chegar ao país no domingo.
O aeroporto de Port-Vila reabreu ontem para receber estes voos da ajuda internacional. Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e a União Europeia ofereceram ajuda econômica para Vanuatu enfrentar os danos causados pelo ciclone, que pode se transformar em uma das piores catástrofes humanitárias do Pacífico Sul. EFE
watt/cd
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