Agito em rua de Lula irrita vizinhos e atrapalha hospital, mas padaria comemora

  • Por Jovem Pan
  • 07/03/2016 13h58
Victor LaRegina / Jovem Pan Manifestantes a favor do ex-presidente concentram-se em frente ao prédio onde fica o apartamento de Lula em São Bernardo do Campo

Ter como vizinho o ex-presidente da República já não é algo comum. Quando ele é investigado pela Polícia Federal, vai prestar depoimento sob atentos olhares da imprensa e mobiliza a militância de seu partido para defendê-lo, as coisas podem ficar mais complicadas.

Uma moradora do Condomínio Residencial Hill House, em São Bernardo do Campo (no ABC paulista), em cuja cobertura mora Luiz Inácio Lula da Silva, conta: “Às vezes atrapalha. Como tinha muita gente na entrada da garagem, atrapalha de entrar. Às vezes a gente mesmo fica com receio de passar no meio da multidão”. Ela não quis se identificar.

Cerca de 300 apoiadores de Lula interditaram a Avenida Francisco Prestes Maia em frente ao prédio no último sábado (5), com bandeiras, sinalizadores de fumaça e muitos gritos de apoio ao ex-presidente e de críticas à imprensa. Um dia antes, na sexta (04), o local tinha sido palco de confronto físico entre manifestantes que pediam a prisão de Lula e defensores do investigado.

“O trânsito de São Bernardo já é um caos. Há avenidas aí de 30 anos atrás que não suportam mais o trânsito. (No sábado) ficou pior ainda, junta os curiosos”, reclama o mecânico Pedro Silvério, que costuma passar pela região. Os residentes temem que a Prestes Maia se torne mais um gargalho para a região de trânsito já complicado pelo grande número de obras.

Escola e hospital

O prédio onde mora Lula tem o Hospital ABC na mesma calçada e a escola infantil EMEB Vinícius de Moraes em frente.

O manobrista do hospital, Jair Santana, relata a “maior confusão, maior fuzuê” de sexta. Houve momentos de tensão com o quebra-quebra promovido entre os opositores políticos.

Isso, mais a interdição da via, afetou especialmente pacientes com dificuldades de locomoção. “O pessoal colocava os carros, deixava ali o paciente e ia procurar onde estacionar”. Segundo Jair, os motoristas tinham que falar com a polícia para passar pela rua. 

“No sábado foi a mesma coisa, quando a Dilma veio aí”.

Confusão em frente ao prédio de Lula na sexta (4), quando o ex-presidente foi alvo de condução coercitiva e levado para depor à Polícia Federal (Clayton de Souza/ Estadão Conteúdo)

A escola municipal de educação básica em frente ao edifício também sofreu com a o quebra-quebra na sexta. Os alunos do período da tarde foram dispensados das aulas por medida de segurança, segundo os professores.

Lanche bom

Mas nem tudo foram reclamações dos vizinhos de Lula neste fim de semana. A padaria Nova Miami, a poucos metros do famoso edifício, viu aumentar expressivamente o número de frequentadores. O movimento foi “show de bola” segundo o chapeiro que se identificou apenas como “Gaúcho”. “Sexta e sábado nós sentamos no quiabo”, comemora.

Apenas para a cerca de meia dúzia de membros da equipe de segurança de Lula foram preparados “aproximadamente 15” mistos-quentes, além de cafezinho, pão na chapa com manteiga e refrigerantes de café da tarde.

Gaúcho nega que os lanches “presidenciais” tenham sido feitos com maior capricho. “Demorou, falou com nós aqui (sic), nós estamos chegando junto. Tem essa não”, descontrai. “Foi bastante gente aqui, foi legal. Aí a galera desceu (a rua, em direção à padaria), fizemos o que pudemos aqui e sentamos o sarrafo”, disse Gaúcho, indicando que trabalhou muito, por causa da visita dos militantes que por lá passaram também.

A fachada do prédio, que também foi pichada no fim de semana, assim como a sede do PT e do Instituto Lula, amanheceu limpa e restaurada pelos funcionários.

Com informações de Carolina Ercolin

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