Águas do rio Mamoré agravam enchente em Porto Velho, diz Inpe

  • Por Agencia EFE
  • 25/03/2014 14h24

Manaus, 25 mar (EFE/Amazônia Real).- O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou um alerta no final de semana para a Defesa Civil Nacional informando que a enchente no rio Madeira tornou-se mais crítica nos últimos dias com a chegada das águas do rio Mamoré à região de Porto Velho, em Rondônia.

O alerta mostra que não há previsão da vazante (descida das águas) do rio Madeira, que atingiu ontem o nível de 19,55m³ quase o dobro da cota normal, que é de 10m³. Cerca de 20 mil pessoas (ou 4.000 famílias) estão atingidas pelas inundações de casas, lojas e áreas de agropecuária, segundo a Defesa Civil Municipal.

Segundo o Inpe, imagens recentes do satélite Landsat 7 mostram áreas atualmente inundadas pelo rio Mamoré vazando para o rio Madeira.

Para a Defesa Civil, especialistas, procuradores e juízes, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau podem ter contribuído para o agravamento das inundações e das erosões das margens do rio Madeira no município de Porto Velho (RO), que está sob decreto de calamidade pública reconhecido pela Defesa Civil Nacional.

Segundo o Grupo do Clima do Inpe, a enchente do rio Madeira está associada ao fenômeno denominado Alta da Bolívia, que é um bloqueio atmosférico típico do verão. Neste ano, o bloqueio também foi responsável pela falta de chuvas na região central do Brasil, que provocou forte calor em cidades como o Rio de Janeiro.

Conforme o Grupo do Clima, no mês de janeiro deste ano esse bloqueio foi observado em altos níveis da atmosfera, em torno de 12 quilômetros de altura, formando uma barreira.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), no mês de janeiro as chuvas foram intensas em Porto Velho e Rio Branco (AC), que também sofre com a cheia do rio Acre, que nasce no Peru. O instituto disse que naquele mês choveu 512 mm (milímetros) na capital acriana, 57% acima da média normal (325 mm). No mesmo período em Porto Velho choveu 416,4 mm, 20% maior que o índice normal (346,9 mm).

O Grupo do Clima do Inpe afirma que as chuvas nos meses de fevereiro e entre 1º e 21 de março em Porto Velho estão abaixo da média normal, confirmando a influência do fenômeno Alta da Bolívia na enchente do rio Madeira. Em fevereiro choveu 191,80 milímetros na capital rondoniense, 64% abaixo da média normal, que é de 316 mm. Já a média do mês de março é de 273,9 mm, e choveu de 1º a 21 de março apenas 87,8 mm.

O estado do Acre também foi atingido pela enchente do rio Madeira. As águas inundaram a rodovia BR 364 (liga Rio Branco a Porto Velho), interditando o acesso de veículos entre as cidades e prejudicando o abastecimento de alimentos no Acre.

A cheia do rio Acre atingiu 11 municípios, incluindo a capital Rio Branco, que teve 19 bairros afetados. Segundo o governo estadual, 5.812 pessoas foram encaminhadas para abrigos e outras 896 ficaram desalojadas. EFE/Amazônia Real

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