AI acusa Israel de crimes de guerra durante sexta-feira negra em Gaza
Jerusalém, 29 jul (EFE).- A Anistia Internacional (AI) acusou nesta quarta-feira Israel de cometer crimes de guerra ao tentar resgatar um soldado capturado por milicianos palestinos durante a última ofensiva do verão (Hemisfério Norte) em Gaza, em quatro dias que denominam “sexta-feira negra” e nos quais morreram 135 civis, 75 deles crianças.
“Este relatório é resultado de uma investigação de um ano na qual foram recopilados testemunhos e comparados com todos os tipos de evidências, inclusive imagens de satélite, fotos, vídeos, todos feitos no momento e no lugar e que nos permitiu identificar ataques individuais israelenses e analisar o que ocorreu”, explicou à Agência Efe Deborah Hyams, investigadora para Israel e para os territórios palestinos no Secretariado Internacional da AI.
A análise possibilitou à ONG apresentar o que considera “as evidências mais fortes até o momento de que as forças israelenses cometeram crimes de guerra e possíveis crimes contra a humanidade entre 1 e 4 de agosto de 2014 em Rafah”, no sul da Faixa.
Segundo Hyams, após ser divulgada a captura do soldado israelense Hadar Goldin, “as forças israelenses lançaram ataques desproporcionais e indiscriminados no leste de Rafah, a princípio atacando lugares onde o soldado poderia ter sido levado ou acessos aos túneis. Mas, umas duas horas depois, iniciaram uma destruição em massa, atacaram ambulâncias e alvos muito perto do hospital principal e atacaram civis que estavam nas ruas fugindo”.
A Anistia estima que as investigações realizadas pelo Exército israelense sobre suas operações não cumprem com as exigências internacionais de “independência, imparcialidade, efetividade em localizar os culpados, amplitude, prontidão e transparência” e exige uma investigação criminal internacional.
Para o estudo, foram empregadas avançadas técnicas digitais e de imagem para reconstruir cenários de conflito, depois analisados por analistas militares e jurídicos.
“Há sólidas provas de que as forças israelenses cometeram crimes de guerra em seu implacável e em massa bombardeio de áreas civis a fim de frustrar a captura do tenente Goldin, mostrando uma estremecedora indiferença pela vida de civis”, afirmou hoje Philip Luther, diretor do Programa para o Oriente Médio e África na AI.
Israel reagiu ao relatório com o argumento de que “está cheio de pontos fracos em sua metodologia e nos fatos, em sua análise legal e em suas conclusões”, disse hoje um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
“Quando se lê o relatório, a impressão que dá é que o Exército israelense estava lutando contra ele mesmo, já que não há quase menção das ações militares do Hamas e de outras organizações terroristas palestinas. Em nenhum lugar a Anistia descreve a cruel estratégia destas organizações terroristas de realizar suas operações militares desde entornos civis e de disparar contra o Exército e a população civil israelense desde entornos civis”, acrescentou.
O ministério dos Exteriores também considerou que a AI “constrói uma falsa narrativa ao reivindicar que os quatro dias de operações militares foram uma resposta direta à morte e sequestro de um soldado israelense, esquecendo que havia um conflito ativo durante o qual o Exército atuava para deter o lançamento de foguetes e neutralizar túneis de ataque além das fronteiras”. EFE
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