AI critica falta de resposta internacional ao conflito “sem trégua” na Síria
Londres, 24 fev (EFE).- O conflito armado na Síria continuou sem descanso em 2014, ano em que o número de mortos superou os 200 mil civis e o de deslocados se aproximou dos 12 milhões, em uma crise agravada pela falta de resposta de uma comunidade internacional dividida.
Em seu relatório anual sobre as liberdades no mundo, divulgado hoje, a Anistia Internacional (AI) destacou que tanto as forças governamentais como os grupos armados não estatais cometeram impunemente vários crimes de guerra e abusos de direitos humanos.
Segundo a ONU, nos últimos quatro anos, mais de 200 mil pessoas morreram, a imensa maioria civis, principalmente em ataques das forças do governo de Bashar Al Assad, enquanto quatro milhões de sírios agora são refugiados em outros países, majoritariamente na Turquia, Líbano, Jordânia, Egito e no Curdistão iraquiano – e mais de 7,6 milhões estão deslocadas dentro da própria Síria.
As forças do governo lançaram ataques deliberados contra civis, bombardeando indiscriminadamente áreas residenciais e instalações médicas civis com artilharia, morteiros, bombas de barril e agentes químicos, além de cometerem homicídios ilegítimos.
Também impuseram cercos prolongados, que privaram a população de alimentos e atendimento médico.
O bairro de Yarmouk, em Damasco, onde estavam cerca de 18 mil dos mais de 180 mil refugiados palestinos e cidadãos sírios que viviam ali antes do conflito, entrou em dezembro no terceiro ano de ofensiva permanente.
Além disso, ressaltou a Anistia Internacional, o regime de Assad prendeu ou manteve reclusas arbitrariamente milhares de pessoas, entre elas ativistas, defensores de direitos humanos, jornalistas, voluntários e menores de idade, e submeteram algumas ao desaparecimento forçado.
O uso sistemático e impune da tortura entre os detidos causou milhares de mortes sob custódia por maus tratos ou pelas duras condições de reclusão, acrescentou a ONG.
Os grupos armados não estatais que controlavam algumas áreas e disputavam outras também efetuaram bombardeios indiscriminados e impuseram cercos a civis que seriam simpáticos ao governo.
Além disso, o Estado Islâmico (EI) cometeu atentados indiscriminados com explosivos em áreas civis e realizou várias execuções públicas, especialmente em Raqqa e Aleppo, submetidas a sua estrita interpretação da lei islâmica.
O grupo jihadista também divulgou na Internet alguns de seus crimes como propaganda, com vídeos que mostravam decapitações de prisioneiros, entre eles soldados sírios, libaneses e curdos, e jornalistas e voluntários americanos e britânicos sequestrados.
Mesmo assim, a divisão de opiniões no Conselho de Segurança sabotou os esforços para alcançar um acordo de paz e, embora tenham sido adotadas uma série de resoluções sobre a crise, Rússia e China vetaram um projeto que reportava a situação da Síria ao Tribunal Penal Internacional.
Em setembro de 2014, uma coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos começou a bombardear o EI para ajudar as forças curdas que permaneceram mais de quatro meses cercadas na cidade de Kobani, transformada em um símbolo da resistência. EFE
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