AI denuncia que forças nigerianas ignoraram alertas sobre sequestro
Londres, 9 mai (EFE).- A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta sexta-feira que as forças militares da Nigéria ignoraram vários avisos sobre a entrada do grupo islâmico Boko Haram em Chibok, quatro horas antes do sequestro de 240 meninas dentro da escola acontecer.
“O fato de as forças de segurança da Nigéria conhecerem o iminente ataque de Boko Haram, mas fracassarem ao tomar medidas imediatas para evitá-lo, só amplifica o clamor nacional e internacional por este crime horrível”, afirmou o diretor da AI na África, Netsanet Belay.
Segundo o relatório da organização, os quartéis do exército nigeriano em Damboa, cidade a 36,5 quilômetros de Chibok, e em Maiduguri, a 130 quilômetros, receberam avisos entre as 19h e as 2h (horário local) de 14 e 15 de abril sobre a ameaça da milícia de Boko Haram.
Patrulhas locais de Gagilam foram as primeiras a dar o alerta, segundo a AI, após ver um grande grupo de homens armados não identificados entrarem na cidade em motocicletas.
“Cerca de dez da noite de 14 de abril, chamei vários oficiais de segurança para contar uma informação que tinha chegado anteriormente dos atentados de Gagilam”, contou uma das pessoas que deram o alerta, identificada pela AI como “um responsável local”.
“Tinham nos dito que gente estranha tinha chegado a cidade à tarde, de moto, e que tinham dito que iam para Chibok. Fiz mais chamadas, inclusive a Maiduguri. Me prometeram que os reforços estavam a caminho”, acrescentou.
No entanto, a impossibilidade de reunir tropas por causa dos poucos recursos e o temor de enfrentar grupos armados, frequentemente mais bem equipado do que eles, desanimou o exército, que decidiu não enviar reforços para Chibok naquela noite, denunciou a AI no comunicado.
O reduzido contingente militar na cidade, formado por 17 soldados, e os policiais não puderam abortar o ataque de Boko Haram que, após uma troca de tiros sequestrou as estudantes, a maioria cristã.
“O sequestro e cativeiro destas colegiais é um crime de guerra e os responsáveis devem ser levados à Justiça. Os ataques nos colégios violam o direito à educação e devem ser impedidos de forma imediata”, ressaltou a AI.
A Anistia pediu ao governo nigeriano que dê “informação adequada” às famílias das garotas sequestradas sobre os planos para libertá-las e que, assim que conseguirem, ofereçam a elas apoio médico e psicológico.
Teme-se que as estudantes tenham sido estupradas e oferecidas em casamento. O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, anunciou no início da semana em um vídeo que venderá as menores. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.