AI exige que Paraguai acabe com impunidade e repare vítimas de ditadura

  • Por Agencia EFE
  • 01/02/2014 21h08

Assunção, 1 fev (EFE).- A Anistia Internacional (AI) exigiu neste sábado que o governo paraguaio coopere com a Justiça argentina na denúncia apresentada contra os responsáveis pela ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989) e considerou “preocupante” que 25 anos após sua derrocada as vítimas não tenham sido reparadas.

A organização explicou em comunicado que apoia plenamente a denúncia, apresentada em agosto do ano na Argentina por treze pessoas, como forma de combater a impunidade e a “inação do Estado paraguaio” em relação aos crimes da ditadura.

“O Paraguai ignorou sua responsabilidade internacional de investigar as violações de direitos humanos cometidas no país na época do regime militar”, disse o texto.

O comunicado afirmou ainda que o Paraguai “tem uma dívida com a sociedade e com as vítimas e seus familiares pelos crimes contra a humanidade cometidos no país entre 1954 e 1989”, o tempo que Stroessner permaneceu no poder, até ser derrubado por um golpe de Estado cujo aniversário completa 25 anos na segunda-feira.

A AI qualificou de “inaceitável” esta situação de impunidade, especialmente quando o governo paraguaio dispõe desde 2008 do relatório da Comissão de Verdade e Justiça (CJV), onde estão documentados os crimes contra a humanidade, genocídio e violações aos direitos humanos cometidos durante a ditadura.

“No entanto não houve um processo judicial para abranger estes casos e levar todos os responsáveis perante a justiça”, lamentou a Anistia Internacional.

A organização acredita que a esperança das vítimas está colocada nesta denúncia e no princípio da Justiça universal que permite que outro país possa investigar este tipo de crimes em situações de impunidade.

Além dos 13 litigantes, a denúncia foi feita pelo Movimento Nacional de Vítimas da Ditadura Stronista e a Fundação Celestina Pérez de Almada.

O processo foi apresentado contra 448 supostos repressores identificados pela CJV e se estende a “outros que possam resultar da investigação”.

Em seu relatório, a CVJ registrou a existência de 425 executados ou desaparecidos e quase 20 mil detidos, a grande maioria vítimas de tortura, enquanto outras 20.814 pessoas foram obrigadas a exilar.

As organizações de direitos humanos paraguaias convocaram diversos atos e concentrações para domingo e segunda-feira na capital do país com o objetivo de homenagear as vítimas e pedir punição para os acusados. EFE

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