AI pede que apoio internacional às mulheres no Afeganistão continue

  • Por Agencia EFE
  • 08/04/2015 09h11

Cabul, 8 abr (EFE).- Os avanços nos direitos das mulheres no Afeganistão dependem da comunidade internacional seguir prestando socorro ao país asiático, segundo a organização Anistia Internacional (AI), que alerta que a retirada das tropas do país não pode significar o desinteresse no mesmo.

“O Afeganistão está provavelmente no momento mais importante de sua recente história, com a retirada internacional e sérias dúvidas sobre como funcionará o novo governo”, indicou à Agência Efe em Cabul Olof Blomqvist, responsável de comunicação da Anistia Internacional para a Ásia e o Pacífico.

“Só com uma pressão internacional sustentada e um compromisso genuíno por parte do governo com os direitos humanos que os progressos para as mulheres continuarão”, acrescentou.

O investimento da comunidade internacional em apoio à mulher chegou em partes e muitas vezes em projetos pensados para que deem resultados a curto prazo, segundo a Anistia Internacional, que nesta semana apresentou no Afeganistão um relatório sobre a situação das mulheres.

Neste relatório está destacado o fato de que muitos avanços para as mulheres ocorreram pelas mãos de “infatigáveis” ativistas de direitos humanos afegãs, que inclusive deram a vida por isso.

“As forças conservadoras foram ganhando mais e mais influência no Afeganistão durante os últimos anos, e a reação contra as ativistas levou a uma redução ao espaço de discussão para estas questões”, segundo o relatório intitulado “Suas vidas no ponto de mira”.

Olof disse que as ativistas tiveram que enfrentar um aumento da violência contra elas em forma de ameaças, abusos sexuais, assassinatos não só por parte dos talibãs, mas de poderosos senhores da guerra e inclusive funcionários de governo.

“O entorno para as defensoras de direitos humanos nos últimos anos ficou muito mais perigoso, os ataques e ameaças estão aumentando”, acrescentou.

O documento revela dados como que “dentro 50 casos de violência documentados, só houve um detido, os outros 49 foram ignorados”.

A situação é ainda mais difícil para as ativistas em zonas rurais, onde o governo faz pouco para protegê-las, segundo Olof.

Samira Hamidi, uma das defensoras de direitos humanos, afirmou à Efe que as ativistas são ameaçadas desde todas partes e constituem um grupo que “não é bem-vindo e nem apreciado” na sociedade afegã.

Para Olof é fundamental que os responsáveis dos ataques às mulheres respondam a seus atos, dado que “a impunidade só envia uma mensagem que matar mulheres ativistas é legal”.

O relatório também constatou um aumento dos casos de defensoras de direitos humanos que são censuradas e tratam de invisibilizar tanto seu trabalho como a elas mesmas para tentar se proteger.

A Otan pôs ponto final em 2014 a sua missão de combate no Afeganistão, a Isaf, que foi substituída desde janeiro pela operação Apoio Decidido, com cerca de quatro mil soldados em tarefas de assistência e capacitação dos corpos de segurança afegãos.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos continuaram sua missão “antiterrorista” no país islâmico com 9,8 mil soldados, que deve manter até final de ano ao invés de reduzir o número à metade como previsto inicialmente. EFE

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