AIE teme falta de petróleo em 2040 por falta de investimento no Oriente Médio

  • Por Agencia EFE
  • 12/11/2014 16h59

Judith Mora.

Londres, 12 nov (EFE).- A Agência Internacional da Energia (AIE) advertiu nesta quarta-feira sobre uma possível escassez de petróleo em 2040 se não houver investimentos agora no Oriente Médio, região da qual depende a maior parte da provisão mundial.

Em Londres, na apresentação de seu relatório anual, “Perspectivas para a energia mundial 2014”, a diretora-executiva de AIE, Maria van der Hoeven, afirmou que “as boas condições atuais não devem fazer com que sejam perdidos de vista os desafios do futuro”.

Embora atualmente não se ponha em dúvida a oferta de petróleo – cujo preço do barril caiu para menos de US$ 80 – frente à queda da demanda, a AIE diz que a “persistente instabilidade” no Oriente Médio, e especialmente no Iraque ameaça o investimento e, em consequência, uma provisão adequada dentro de 25 anos.

O economista-chefe, Fatih Birol, explicou que, à medida que se reduz a produção de países em auge como Estados Unidos, Brasil e Canadá, a oferta de petróleo em duas décadas “dependerá em boa medida do Oriente Médio”, através da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Segundo as projeções da agência, em 25 anos a demanda de petróleo passará dos 90 milhões de barris registrados em 2013 a cerca de 104 milhões de barris, aumento apesar de tudo menor que o esperado graças às medidas de eficiência aplicadas pelos países.

A demanda, com esse crescimento descendente, se tornará estável em 2040 e procederá principalmente da China – que superará os EUA como principal consumidor em 2030 – e depois da Índia e de outros países asiáticos.

Da mesma forma que o crescimento da demanda diminuirá por uma maior eficiência energética e uma mudança da economia para setores de menos consumo, também será reduzido o avanço da demanda global de energia, aponta a agência.

Assim, a demanda energética mundial crescerá 37% até 2040, mas o crescimento anual será reduzido progressivamente de 2% por ano nos últimos 20 anos a 1,1% em 2025, segundo o relatório.

De acordo com o estudo, a distribuição global da demanda de energia mudará radicalmente nos próximos 25 anos: será estável em Europa, Japão, Coreia do Sul e América do Norte, e aumentará em Ásia (60% do total), África, Oriente Médio e América Latina.

Em 2040, a oferta de energia para satisfazer a demanda global “se dividirá quase em partes iguais entre petróleo, gás, carvão e fontes nucleares e renováveis”, disse Birol.

A AIE detecta uma maior presença das energias renováveis, impulsionadas por menores custos e mais subsídios, que chegaram a US$ 120 bilhões em 2013.

Birol advertiu os países que subsidiam o acesso ao combustível fóssil que “estão enviando a mensagem errada”, pois fomentam “a poluição ambiental por emissão de C02 e não incentivam a eficiência energética”.

O relatório diz ainda que, até 2040, a capacidade para produzir energia nuclear aumentará 60%, sobretudo devido a quatro países: China, Índia, Coreia do Sul e Rússia.

Apesar desse avanço em capacidade, a contribuição da energia nuclear para a combinação da provisão energética global “se mantém muito abaixo de seu teto histórico”, aponta.

Embora essa energia seja positiva quanto à redução de emissões, a agência ressalta que “tem resistência por parte de populações, assim como enfrenta riscos regulatórios e mercados competitivos”. Além disso, precisa de investimentos para a gestão de seus resíduos e o fechamento de cerca de 200 reatores que se tornarão obsoletos nas próximas duas décadas.

A demanda de gás aumentará 50% até 2040 – o único combustível fóssil que crescerá significativamente nesse período -, mas os níveis de produção diminuirão em 2030 à medida que cair a exploração de gás de xisto nos Estados Unidos, diz a AIE.

A agência, que analisa o mercado energético para seus 29 países-membros, ressalta que um dos principais desafios para um futuro sustentável é limitar o crescimento da temperatura do planeta a até 2ºC, algo que não poderá ser conseguido no ritmo atual.

Se não foram reduzidas drasticamente as emissões, “o mundo seguirá o caminho de um aumento da temperatura de 3,6ºC a longo prazo”, disse hoje Birol, que pediu a criação de “medidas significativas” na cúpula da ONU sobre mudança climática em Paris em 2015. EFE

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