AIEA vai criar primeiro banco próprio de urânio

  • Por Agencia EFE
  • 11/06/2015 15h23
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Viena, 11 jun (EFE).- A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) vai criar seu primeiro banco de urânio pouco enriquecido, em uma tentativa de gerar uma oferta segura para o combustível nuclear no caso de possíveis problemas de acesso no mercado livre.

Os 35 países-membros do Conselho de Governadores da AIEA deram hoje em Viena seu sinal verde para estabelecer o banco no Cazaquistão, na Ásia Central.

O urânio pouco enriquecido (LEU, na sigla em inglês) é o combustível mais usado nas 438 usinas nucleares que existem no mundo atualmente.

O Conselho aprovou, além disso, um acordo com a Rússia para garantir o transporte do LEU rumo ao novo banco e também sua saída do Cazaquistão para os potenciais clientes.

“A conclusão destes dois acordos, com o sinal verde do Conselho, são um marco significativo para este importante projeto, e nos permite continuar com sua plena criação”, assinalou em comunicado o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano.

O banco, que poderia estar em funcionamento em dois anos, terá uma capacidade de até 90 toneladas métricas de LEU, que serão armazenadas em cerca de 60 cilindros metálicos.

Com essa quantidade de combustível pode funcionar um reator de 1.000 megawatts durante três anos, segundo a AIEA.

O projeto do banco de LEU foi lançado inicialmente no final de 2010 no Conselho de Governadores da AIEA e tem sempre em conta não influir no mercado livre de LEU.

A ideia é que qualquer país – que deve cumprir certos padrões de segurança e salvaguardas nucleares – possa ter acesso a esse banco no caso de se ver excluído do acesso no mercado livre, seja por razões políticas ou comerciais.

Neste mercado existem abastecedores primários, ou seja, produtores de LEU como EUA, Rússia e vários países europeus, como França, Reino Unido e Alemanha.

Além disso, existe um mercado secundário no qual atuam investidores e outros que compram e vendem LEU.

Para cumprir com as exigências legais do sistema das Nações Unidas, a AIEA deverá fazer no futuro uma licitação pública para comprar uma quantidade inicial de LEU para seu banco.

Se estima que para o máximo de 90 toneladas métricas a AIEA terá que investir entre 100 e 120 milhões de dólares.

O banco de LEU da AIEA é financiado graças a contribuições voluntárias de vários doadores, tanto estatais como privados, que forneceram US$ 150 milhões, suficientes para que o banco tenha uma vida inicial de dez anos.

O principal contribuinte estatal é os EUA com US$ 49 milhões, seguido pela União Europeia, com 25 milhões, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, com US$ 10 milhões cada um, assim como Noruega, com US$ 5 milhões.

Além disso, existe uma grande doação de US$ 50 milhões da ONG americana Nuclear Threat Initiative (NTI), com dinheiro do famoso investidor Warren Buffet.

A ideia do banco foi lançada inicialmente em 2006 pelo NTI, alegando que desta forma podem ser reduzidos riscos potenciais de proliferação nuclear para fins militares, dado que o processo de produção de LEU para a indústria é basicamente o mesmo que para a construção de uma bomba atômica. EFE

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