Al Shabab executa 28 passageiros de ônibus no norte do Quênia
Javier Marín.
Nairóbi, 22 nov (EFE).- Um suposto comando do grupo terrorista somali Al Shabab interceptou neste sábado um ônibus no noroeste do Quênia e executou 28 de seus 60 passageiros após identificá-los como não muçulmanos.
O ataque, que ocorre após uma semana de tensão por causa de uma operação policial em quatro mesquitas no litoral sul do país, ocorreu por volta das 5h locais (0h de Brasília) a 30 quilômetros de Mandera, cidade na fronteira com a Somália.
Um numeroso grupo de homens armados deteve um ônibus com 60 passageiros que viajava para Nairóbi e o desviou de sua rota, fazendo com que seus ocupantes descessem.
Os terroristas os obrigaram a recitar versículos do Corão para tentar identificar os muçulmanos, algo que o Al Shabab já fez para selecionar suas vítimas durante o ataque a um centro comercial de Nairóbi em setembro do ano passado.
Os que não professavam sua religião ou não puderam provar foram executados com um tiro na cabeça.
O atentado foi reivindicado horas depois pela milícia islâmica como represália às operações antiterroristas realizadas pela polícia queniana nas mesquitas.
“É uma vingança pelos crimes cometidos contra nossos irmãos muçulmanos em Mombaça”, afirma um comunicado assinado por um dos líderes militares do grupo fundamentalista.
O texto reitera sua ameaça de novos atentados: “Não haverá segurança até que cessem suas hostilidades contra os muçulmanos, a eleição está em suas mãos”.
O governo queniano reagiu com breves declarações do ministro do Interior, Joseph Ole Lenku, sem citar o Al Shabab.
“Nossas condolências aos que perderam amigos e parentes. Alguns líderes estão incitando os cidadãos contra determinadas religiões, mas esclareço que isso é obra de uma organização criminosa”, disse o ministro.
Minutos depois dessas declarações, o Ministério do Interior, através de sua conta no Twitter, informou sobre uma “ação ofensiva” contra “o grupo criminoso que matou 28 quenianos”.
A pasta assegurou que “o acampamento dos agressores” tinha sido destruído por aviões e helicópteros do exército, em uma operação que causou “muitas mortes” e sobre a qual não foram dadas mais informações.
O atentado terrorista ocorreu após uma semana de fortes tensões entre a polícia e jovens muçulmanos no condado de Mombaça, no litoral sul do Quênia, um dos pontos mais turísticos do país.
Os incidentes, que provocaram cinco mortes e 250 detenções, começaram na segunda-feira por causa de uma operação policial nas mesquitas de Masjid Moussa e Sakina, consideradas centros de captação do grupo terrorista somali.
Nestas operações, os agentes apreenderam oito granadas, várias pistolas e diferentes livros sobre a jihad.
Três dias depois, na quinta-feira, a polícia fez uma operação de busca e apreensão em outras duas mesquitas em Kisauni, nas quais, segundo fontes oficiais, também encontraram explosivos e armas.
Depois do ataque ao centro comercial Westgate, ocorrido no ano passado e no qual foram assassinadas 67 pessoas, a segurança foi reforçada em boa parte do Quênia, mas a região fronteiriça com a Somália, na qual quase não existe presença das forças de segurança do Estado, continua sendo muito vulnerável.
Entre os meses de junho e julho, mais de cem pessoas morreram em ataques cometidos no condado de Lamu, que abriga uma das ilhas com maior interesse turístico do país.
O mais grave aconteceu na cidade de Mpeketoni, onde o grupo terrorista realizou um massacre que matou 50 pessoas, apesar de o governo queniano ter negado que tenha sido obra da milícia, atribuindo-o a um conflito étnico.
O Al Shabab, que em 2012 anunciou sua adesão formal à Al Qaeda e luta para instaurar um estado islâmico de ramo wahhabista na Somália, foi incluído em março de 2008 na lista de organizações consideradas terroristas pelo governo americano. EFE
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