Alckmin ameaça rescindir contrato de obra de metrô com grupo espanhol Isolux

  • Por Agencia EFE
  • 19/02/2015 21h52

São Paulo, 19 fev (EFE).- O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, ameaçou nesta quinta-feira rescindir o contrato com o grupo espanhol Isolux Corsán para a conclusão da linha 4 do metrô por um suposto atraso nas obras.

“Nós já comunicamos ao Banco Mundial (que financia as obras) para levar a cabo a rescisão contratual e todas as multas serão aplicadas”, afirmou Alckmin.

No entanto, o governador abriu a possibilidade da empresa recomeçar as obras antes do fim do mês e evitar o fim do contrato.

“Vamos exigir as garantias (para rescindir) e então, certamente, voltar a licitar a obra. Ou (o grupo) retoma (as obras) nos próximos dias ou não tem mais como se manter. A empresa não tem equipamentos e não tem insumos”, afirmou.

O governo estadual assinou um contrato com a Isolux Corsán para a conclusão da linha 4 do metrô (“amarela”).

O secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, disse que a multa prevista é de 30% do valor do contrato e embora tenha afirmado que prefere que o grupo vencedor da licitação retome as obras, admitiu que esta possibilidade é difícil.

“Estamos com todo o diálogo possível com a empresa para retomar a obra, mas acreditamos que não vai ser possível”, lamentou Pelissioni, que confirmou uma reunião na próxima semana com representantes da Isolux Corsán.

O contrato, assinado em 2012, após as empresas que iniciaram a construção da linha terem se retirado do projeto, prevê a conclusão das estações Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire, São Paulo-Morumbi e Vila Sonia, esta última em fase inicial.

No caso das primeiras a previsão era de conclusão neste ano, mas Alckmin adiantou que sua inauguração e funcionamento só ocorrerá em 2016.

Alckmin afirmou que para a entrega da estação Fradique Coutinho, em novembro do ano passado, foi preciso “pressionar durante 24 horas”.

A linha 4, a única entra a zona oeste e o centro da cidade, transporta atualmente 690 mil dos 3,8 milhões de passageiros que utilizam o metrô diariamente em São Paulo.

Em caso de rescisão de contrato, o governo de São Paulo chamará os outros consórcios que participaram da licitação para saber se podem assumir as obras como o mesmo custo inicial de suas ofertas. Se não for possível, será aberto um novo processo de contratação.

A Isolux Cósran afirmou para a Agência Efe por meio de sua assessoria de imprensa que atua no Brasil há dez anos e que “não deixou de cumprir nenhum dos contratos que assumiu”, como por exemplo a linha de transmissão de energia de Tucuruí, de mais de três mil quilômetros entre Manaus e Macapá.

O grupo disse que a partir de sua “capacidade de execução, responsabilidade profissional e solidez financeira”, além de “espírito de encontrar a solução mais adequada”, apenas se pronunciará após a reunião da semana que vem com o secretário.

Previamente, por meio de um comunicado, a Isolux Corsán ressaltou os “grandes esforços para reajustar o fluxo de pagamentos do projeto de construção da linha 4 do metrô, em virtude do desequilíbrio financeiro da obra”.

A situação foi gerada, segundo a empresa, por “atrasos na entrega e definição dos projetos executivos por parte do metrô”, e à “morosidade” na “aprovação de novos serviços”, cuja responsabilidade não é do consórcio.

O Metrô de São Paulo, por sua parte, alegou em um comunicado que o grupo espanhol “recebeu todos os projetos executivos necessários ao processo regular das obras” e advertiu que caso os trabalhos não sejam retomados até o final de fevereiro o contrato “poderá ser rescindido”. EFE

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