Alckmin oficializa suspensão de reorganização e diz que vai “dialogar escola por escola”
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin confirmou, na tarde desta sexta-feira (04), a decisão de adiar a reorganização escolar planejada para a rede estadual de ensino.
“Vamos dialogar escola por escola. No ano de 2016, que ia ser ano de implantação, será um ano de aprofundarmos esse diálogo. Alunos continuarão nas escolas que já estudam e nós começaremos a aprofundar esse debate. Diálogo escola por escola”, afirmou.
Alckmin ressaltou que a discussão sobre o assunto será feita “especialmente com os pais dos alunos”, com a comunidade e os próprios estudantes. Na entrevista coletiva, o governador ressaltou diversas vezes a necessidade da retomada do diálogo e destacou uma frase dita pelo papa Francisco. “Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo”.
Com a medida, o governo do Estado visava melhorar a qualidade do ensino e evitar que alunos de idades distintas frequentassem uma mesma unidade. Cerca de 92 escolas seriam fechadas com a decisão, já que outras 754 unidades passariam a ter ciclo único, segundo o plano já publicado em decreto.
Aproximadamente 311 mil alunos, dos 3,8 milhões de estudantes da rede de ensino, seriam afetados com a reorganização proposta pelo governo tucano.
Ocupações
Até o momento, cerca de 196 escolas estão ocupadas – de um total de 5.127 unidades em todo o Estado. As ocupações das escolas possuem o aval da Justiça, que havia negado pedidos de reintegração de posse feitos pelo governo.
As ocupações dos alunos nas escolas acarretaram até mesmo na modificação de dez locais de provas onde seriam aplicado o exame da primeira fase do vestibular da Universidade de São Paulo (USP), a Fuvest.
Bloqueios de vias na cidade
Grupos de estudantes têm feito manifestações contra a reorganização escolar desde o início da semana. Nesta sexta-feira (04), um grupo chegou a ter enfrentamento com a polícia na região central da cidade. Os manifestantes, que incluem alunos, sindicalistas e integrantes de outros movimentos, como o Passe Livre, chegaram a radicalizar os protestos e bloquearam importantes vias da capital.
Como forma de dispersar os manifestantes, a Polícia Militar chegou a utilizar bombas de efeito moral, como o ocorrido hoje na região da Avenida Paulista e em outros protestos, como na Avenida Faria Lima, nesta quinta-feira.
Na manifestação mais recente, ocorrida nesta sexta, a Tropa de Choque da PM reprimiu, mais uma vez, a manifestação de universitários da USP com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Por volta das 11h, os estudantes que protestavam no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação tiveram bombas atirados em sua direção.
Mais cedo, às 9h, a PM também atirou bombas em direção aos estudantes que protestavam de forma pacífica. O grupo iniciou o protesto por volta das 7h30 na USP e percorreram cerca de 15 quilômetros e bloquearam vias como Avenida rebouças, Avenida Paulista, Avenida Vital Brasil e Rua do Alvarenga.
*Informações do repórter Thiago Uberreich
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