Alemanha encerra investigação de grampo americano em celular de Merkel
A procuradoria da Alemanha encerrou nesta sexta-feira por falta de provas a investigação aberta em junho do ano passado contra os serviços secretos dos Estados Unidos por escutas que teriam sido colocadas no telefone celular da chanceler, Angela Merkel.
A acusação inicial “não pôde ser provada com solidez jurídica com os meios que o direito penal dispõe”, comunicou a procuradoria.
“Claro que vimos uma possibilidade (de provar as escutas), caso contrário não teríamos aberto o caso e não teríamos investigando-o durante mais de um ano”, indicou o procurador-geral, Harald Range.
No entanto, nem os documentos da comissão de investigação parlamentar que apura a espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) nem as informações das autoridades foram suficientes para manter aberta a investigação, acrescentou.
Segundo a procuradoria, os documentos divulgados pelo ex-analista da CIA Edward Snowden não provam também de forma conclusiva as escutas no celular da chanceler.
Do ponto de vista técnico também as suspeitas também não puderam ser provadas.
“Portanto, por esta via não é possível provar a suspeita nem o momento, o lugar e as circunstâncias em que aconteceu, nem as pessoas implicadas”, explicou o comunicado do procurador.
No entanto, assinalou que esse departamento está disposto a abrir uma nova investigação se no futuro encontrarem indícios que se revelem promissores.
Além disso, a procuradoria continuará observando a compilação em massa de dados telefônicos de cidadãos alemães.
O governo alemão não quis comentar a decisão da procuradoria de suspender a investigação.
“Abrir ou suspender uma investigação são passos de responsabilidade e da circunspeção unicamente do procurador-geral que não deveriam ser comentados pelo governo”, indicou o porta-voz, Steffen Seibert, em entrevista coletiva rotineira.
Segundo Seibert, a chanceler sublinhou em mais de uma ocasião publicamente que não se trata prioritariamente de seu telefone celular, mas de proteger a comunicação de todos os cidadãos, além de os parceiros internacionais respeitarem na Alemanha o direito alemão.
Acrescentou que para o país e para a população, a cooperação entre a inteligência da Alemanha e dos EUA é “muito importante”.
Neste sentido, assinalou que nas conversas entre Alemanha e seus parceiros, a questão de como manter um equilíbrio entre segurança e proteção de dados é persistente.
O anúncio em junho do ano passado da abertura de uma investigação contra os serviços secretos americanos por terem grampeado o celular de Merkel aconteceu poucas horas de uma reunião entre a chanceler e o presidente americano, Barack Obama, na cúpula do G7 de 2014 em Bruxelas.
O próprio Obama se desculpou com Merkel e garantiu à chanceler que não voltariam a acontecer.
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