Alemanha homenageia mortos no campo nazista de Neuengamme

  • Por Agencia EFE
  • 03/05/2015 12h13

Berlim, 3 mai (EFE).- A Alemanha lembrou neste domingo, em um ato comemorativo na baía de Lübeck, no norte do país, os 6,6 mil prisioneiros do campo de concentração nazista de Neuengamme que morreram no afundamento de dois navios sob artilharia britânica.

Pouco antes da derrota nazista, o campo de Neuengamme foi evacuado e 10 mil prisioneiros foram levados a Lübeck, dos quais 9 mil foram repartidos em navios.

Em 3 de maio de 1945, o dia da capitulação de Hamburgo, bombardeiros britânicos atacaram os navios “Cap Arcona” e “Thielbeck” a fim de evitar a fuga para Noruega de soldados alemães e dirigentes nazistas.

No afundamento dos dois navios perderam a vida 6,6 mil prisioneiros de Neuengamme e 400 soldados alemães e pessoal das SS.

“A lembrança da atrocidade nos faz responsáveis pelas pessoas que fogem da guerra e da perseguição e tem que abandonar sua terra”, declarou o chefe do governo do estado federado de Schleswig-Holstein, Torsten Albig, ao se referir aos refugiados e às vítimas de regimes autoritários.

No ato, precedido de uma oferenda floral perante o monumento “Cap Arcona”, participaram cerca de 800 pessoas, entre elas cerca de 50 sobreviventes de Neuengamme e do afundamento.

Mais de 100 mil prisioneiros estiveram internados neste campo, o maior no noroeste da Alemanha, concebido em 1938 primeiro como anexo ao de Sachsenhausen e independente desde 1940 com 85 subcampos.

Muitos dos presos de Neuengamme foram obrigados a trabalhar na fábrica de tijolos que se encontrava no recinto do campo e outros na indústria armamentista, em tarefas de remoção de escombros de bombardeios e na construção de fundações antitanque.

Em 1944, as SS instalaram um bordel no qual obrigavam 12 mulheres a manter relações sexuais e que devia servir, segundo os nazistas, como “motivação” para aumentar a produtividade dos prisioneiros forçados a trabalhar na indústria armamentista.

A partir de 1941, a maioria dos presos procedia dos 20 países ocupados, mais da metade do leste da Europa, mas grandes grupos originais também da França, Países Baixos, Bélgica e Dinamarca.

Dos mais de 100 mil prisioneiros, dos quais quase 43 mil não sobreviveram ao campo de concentração, 13 mil eram judeus.

Nos últimos dias da guerra morreram muitos prisioneiros, entre eles 20 crianças judias assassinadas após serem utilizadas para experimentos médicos.

Em 1946, o tribunal militar britânico condenou à morte 11 dos 14 membros da direção do campo e os outros três a longas penas de prisão.

A partir de junho de 1945, os britânicos utilizaram em antigo campo de concentração de centro de internamento para funcionários das SS e pessoal civil do regime nazista.

Em 1948 entregaram o recinto à cidade de Hamburgo, que transformou as instalações em uma prisão, em funcionamento até 2006.

Todo o recinto abriga agora o centro comemorativo de Neuengamme. EFE

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