Alexis Tsipras: “mal” personificado para alguns e salvador para outros

  • Por Agencia EFE
  • 22/01/2015 18h51

Yannis Chryssoverghis.

Atenas, 22 jan (EFE).- Para seus adversários conservadores e boa parte dos meios de comunicação gregos, Alexis Tsipras representa o mal absoluto, pois se ganhar as eleições, “vai tirar a Grécia da zona do euro com políticas irresponsáveis”, “confiscará os depósitos bancários” e “transformará o país em uma segunda Coreia do Norte”.

Para seus seguidores, no entanto, Tsipras é o político que “acabará com a austeridade” e “suas consequências sociais desastrosas”, “devolverá ao povo grego sua dignidade” e “fortalecerá a democracia”.

A popularidade de Tsipras, de 41 anos, ganhou força em maio de 2012, quando, para surpresa geral, sua coalizão, a esquerdista Syriza, cuja influência eleitoral se situava até então entre 3% e 5%, se transformou na segunda maior força política do país, graças a um programa de rejeição da austeridade que os credores do país tinham imposto à Grécia.

Nos dois anos e meio que se seguiram, Tsipras se lançou à conquista da classe média grega, que após seis anos de recessão viu afundar seu nível de vida.

Tsipras nasceu em 1974, apenas alguns dias depois da queda da Junta dos Coronéis, que estrangulava o país desde 1967. Desde o instituto, despontou como um líder estudantil nos protestos contra as reformas educativas dos sucessivos governos e como militante das juventudes do poderoso Partido Comunista da Grécia (KKE), então aliado de outras forças de esquerda em uma coalizão. A queda da URSS provocou uma cisão na legenda, e a maioria de seus militantes abandonou esta coalizão.

Tsipras optou por estes últimos e pela amálgama de socialistas, trotskistas, maoístas, ecologistas e outras várias famílias da dividida esquerda que em 2004 se transformaria na Coalizão da Esquerda Radical (Syriza).

Engenheiro civil de profissão, Tsipras começou sua carreira em 2006, quando foi nomeado candidato de seu partido à prefeitura de Atenas e conseguiu 10,6% dos votos, um resultado inesperado que o levou, no início de 2008, à presidência do Synaspismos, principal componente da Syriza.

O giro radical que deu ao discurso político custou uma cisão, no começo de 2010, da ala mais moderada, que criou outro partido, Dimar.

Após as eleições de 2012, Tsipras empreendeu com sucesso o trabalho laboral da conversão das diversas facções aliadas ao Synaspismos no seio do Syriza, em um só partido.

Nas eleições europeias de junho 2014, a Syriza foi a coalizão mais votada, com uma vantagem de quase 4% sobre o Nova Democracia, partido do primeiro-ministro conservador Antonis Samaras.

Tsipras centra seu combate eleitoral na necessidade de combater a crise humanitária gerada pela austeridade draconiana, lutar contra a evasão fiscal e libertar o sistema político da influência dos oligarcas.

Sobre as acusações de seu rival conservador de que a Syriza provocará a saída da Grécia da zona do euro e a quebra do país, Tsipras respondeu que, “com exceção das medidas para conter a crise humanitária, todas as outras serão fruto de negociações com os parceiros europeus”.

“A negociação será provavelmente longa, difícil, mas terminará com soluções que serão em benefício de todos os povos europeus. Os efeitos da austeridade são desastrosos para todos os europeus”, destacou o líder da Syriza.

Tsipras também não tem medo do chamado “grexit”, a saída do euro, porque, disse, “todos são conscientes de suas consequências”. EFE

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