Altas temperaturas de 2014 confirmam a tendência do aquecimento global

  • Por Agencia EFE
  • 03/12/2014 16h10

Marta Hurtado.

Genebra, 3 dez (EFE).- O ano de 2014 está cada vez mais próximo de se tornar o mais quente do qual se tem registro, o que confirma a tendência do aquecimento global em longo prazo, segundo a Organização Mundial da Meteorologia (OMM) que apresentou nesta quarta-feira suas estimativas preliminares sobre o estado do clima.

“Da informação provisória para 2014 se desprende que 14 dos 15 anos mais calorosos dos quais se tem registro se deram no século XXI”, declarou em entrevista coletiva o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.

“O que ocorreu em 2014 corresponde plenamente ao previsível em uma situação de evolução do clima. Um calor sem precedentes somado a fortes chuvas e a inundações provocaram a destruição de meios de subsistência e de vidas”, explicou Jarraud.

O relatório é denominado oficialmente “Declaração provisória da OMM sobre o estado do clima mundial em 2014” e nele se indica que a temperatura média mundial do ar sobre a superfície terrestre e a superfície do mar de janeiro a outubro foi superior em aproximadamente 0,57 graus centígrados à média do período de referência de 1961-1990, que foi de 14 graus.

Além disso, as temperaturas nos dez primeiros meses do ano foram 0,09°C superiores à média da década anterior (2004-2013).

Se em novembro e dezembro for mantida a mesma tendência, 2014 será provavelmente o ano mais caloroso jamais registrado, advertiu a OMM, que lembrou que os anos precedentes mais calorosos foram 2010, 2005 e 1998.

Jarraud ressaltou que estes resultados confirmam a tendência subjacente ao aquecimento de longo prazo.

“Devido a emissões de gases do efeito estufa sem precedentes e a sua concentração na atmosfera, o planeta se vê condenado a um futuro mais incerto e, provavelmente, inóspito”, alertou Jarraud.

A declaração provisória foi publicada para servir de base às negociações anuais sobre a mudança climática que estão acontecendo esta semana em Lima.

As altas temperaturas de janeiro a outubro foram alcançadas mesmo que sem a ocorrência de um episódio do fenômeno El Niño.

El Niño ocorre quando temperaturas da superfície do mar superiores à média na parte oriental do Pacífico tropical se combinam com sistemas de pressão atmosférica que se reforçam e afetam às condições meteorológicas mundiais.

Durante o ano, as temperaturas da superfície do mar subiram até quase alcançar os patamares de El Niño, mas essa alta não foi acompanhada de uma resposta atmosférica.

No entanto, em grande parte do mundo se observaram muitas das condições meteorológicas e climáticas normalmente associadas com El Niño.

Com relação exclusivamente à temperatura média do ar na superfície da Terra, de janeiro a outubro de 2014 foi de aproximadamente 0,86°C acima da média correspondente ao período 1961-1990, o que a transforma na quarta ou a quinta mais alta das registradas para dito período.

As temperaturas mundiais na superfície do mar foram as mais altas das quais se tinha registro, situando-se em 0,45°C acima da média de 1961-1990.

Para os meses de janeiro a junho, as temperaturas nas profundezas oceânicas de até 2.000 metros foram também sem precedentes.

Estas condições fizeram com que ocorressem ondas de calor em vários países e em outubro se registrou um calor sem precedentes no norte da Argentina, no Paraguai, na Bolívia e no sul do Brasil.

Além disso, durante este ano aconteceram precipitações extremamente numerosas em diversos lugares. Na América do Sul, Buenos Aires e várias províncias da Argentina se viram gravemente afetadas pelas inundações.

Em maio e junho o total das precipitações superava em 250% a média de longo prazo no Paraguai, no sul da Bolívia e em partes do sudeste do Brasil. As intensas chuvas provocaram o transbordamento do Rio Paraná, acarretando inundações que afetaram especialmente ao Paraguai, onde mais de 200 mil pessoas foram atingidas.

No entanto, em outros lugares foram registradas secas catastróficas, como em partes da América Central e do Brasil.

O relatório indica especialmente o caso da cidade de São Paulo, que este ano se viu particularmente afetada pela seca. EFE

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