América avança no combate ao tabaco, mas ainda falta, sustenta OMS
Panamá, 9 set (EFE).- O continente americano avançou na luta contra o tabaco e seus efeitos nocivos, mas ainda falta muito para reduzir o número de pessoas afetadas ou que morrem anualmente pelo consumo deste “assassino silencioso”, afirmou nesta terça-feira Federico Hernández, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Panamá.
Ele disse à Agência Efe que a América reduziu o consumo do tabaco em 15%, segundo uma pesquisa realizada em 2013, mas ainda morrem anualmente, aproximadamente, um milhão de pessoas e outras oito milhões têm algum problema de saúde por conta dele.
“Conscientes desta dramática situação, a Organização Pan-americana da Saúde (OPS) e a Mundial da Saúde estão realizando ações com os Estados-membros para a prevenção e o controle desta epidemia”, disse Hernández, após participar da inauguração de uma conferência regional de dois dias onde será assinada a implantação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT).
Ele informou que no evento serão analisados os “graus” de avanço que cada país-membro tem no cumprimento do convênio, e a possibilidade de concordar posições comuns sobre temas do programa da sexta Conferência das Partes (COP6), realizada no ano passado em Roterdã. Na oficina regional participam representantes de mais de 20 países do continente, além de membros de ONGs e entidades privadas. Hernández sustentou que é primordial que os países da região adotem leis que permitam, entre outros aspectos, espaços “livres de fumaça” e que protejam contra a publicidade do tabaco, para que se avance de maneira efetiva contra este problema.
“É necessário que sejam adotadas leis para que cada vez seja mais difícil que as pessoas, especialmente crianças e jovens, tenham acesso livre ao tabaco”, acrescentou.
Por sua vez, o ministro da Saúde panamenho, Francisco Terriente, disse aos jornalistas que uma das tarefas pendentes é a de analisar outros usos que ele está recebendo de forma “disfarçada”, como é o consumo de cigarros eletrônicos, e de contar com leis muito mais severas para castigar o contrabando de cigarros. Ele destacou que no caso do Panamá, devido aos controles e campanhas em nível nacional, o país conseguiu em 2013 reduzir em mais de 50% as mortes relacionadas ao tabaco.
Terriente indicou que no ano passado as estatísticas apresentaram um total de 1.090 mortes relacionadas ao consumo do tabaco, quando em nos anteriores os números as vítimas eram mais de três mil.
A chefe do Secretariado para a CQCT da OMS, a brasileira Vera Luiza Costa e Silva, disse que são muitos os desafios, porque a quantidade de consumidores de tabaco no mundo ainda é muito grande, especialmente na Europa e na América.
“Continua sendo um desafio, apesar de que muitas pessoas afirmam que tudo está regulado, porque ainda temos muitos fumantes e um número significativo de falecidos anualmente por doenças relacionadas ao consumo do tabaco”, destacou ela durante sua exposição na atividade.
Ela que também é coordenadora do Centro de Estudo sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) sustentou que, apesar de muitos países avançarem nas ações contra o consumo do tabaco, são encontrados alguns obstáculos para fazer com que as intervenções a respeito sejam mais efetivas.
Em particular, Vera Luiza mencionou a interferência da própria indústria do tabaco, as poucas políticas públicas para sua erradicação em alguns países do continente, a ausência em nível nacional de uma coordenação efetiva entre instituições envolvidas no tema, e a falta de comunicação entre os setores governamentais, sociedade civil e doadores. EFE
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