América Latina e as mulheres: seis presidentes eleitas e nenhuma ditadora

  • Por Agencia EFE
  • 10/03/2014 22h23

Bogotá, 10 mar (EFE).- Quatro anos após ter finalizado o primeiro mandato, Michelle Bachelet voltará amanhã à presidência do Chile, um dos seis países latino-americanos cujos eleitores confiaram em uma mulher para dirigir a nação.

Brasil, Nicarágua, Panamá, Chile, Argentina e Costa Rica são os únicos países da América Latina que tiveram mulheres presidentes escolhidas nas urnas, embora outras latino-americanas tenham exercido o cargo em seus países por sucessão constitucional, por incumbência do Parlamento ou regimes de fato em transição. No entanto, nenhuma mulher foi ditadora na América Latina, onde, sobretudo nos anos 70 e 80, abundaram os regimes autoritários.

Com Bachelet de novo no Palácio de La Moneda, de amanhã a maio a América Latina terá, pela primeira vez, quatro mulheres governando ao mesmo tempo. Além da chilena, há Cristina Kirchner, na Argentina; Dilma Rousseff, no Brasil; e Laura Chinchilla, na Costa Rica. Esta última deixará o poder em maio para quem ganhar o segundo turno das eleições presidenciais em 6 de abril.

A primeira mulher latino-americana eleita presidente, em 1990, foi a nicaraguense Violeta Barrios, mais conhecida como Violeta Chamorro, pelo sobrenome do marido, o jornalista Pedro Joaquín Chamorro, assassinado pela ditadura somozista.

A Argentina, no entanto, foi o primeiro país do mundo governado por uma mulher. María Estela Martínez de Perón era vice-presidente em 1974 quando seu marido, o presidente Juan Domingo Perón, morreu e, de acordo com a Constituição, cabia a ela ocupar o posto.

A atual presidente argentina, Cristina Kirchner, também foi casada com um presidente, Néstor Kirchner, já falecido, e, como Bachelet, foi reeleita para o cargo, embora em seu caso de maneira consecutiva. Seu primeiro mandato foi de 2007 a 2011 e o segundo acabará em 2015. Cristina não pode tentar a reeleição novamente, pois a Constituição argentina só o permite uma por uma vez.

Já no Brasil, Dilma tentará ocupar o cargo de presidente do país novamente, ainda que sua candidatura ainda não tenha sido oficializada, seus correligionários do PT dão por certo que ela concorrerá nas eleições de outubro.

O Panamá teve como presidente Mireya Moscoso (1999-2004), que também foi esposa de um presidente, Arnulfo Arias Madrid, embora quando ganhou as eleições já era viúva.

A Colômbia não estreou com uma mulher presidente, mas as condições apontam para mais mulheres do que homens concorrendo a este cargo nas eleições presidenciais de 25 de maio.

Faltando apenas que o Partido Verde escolha seu candidato ou candidata nas primárias, só dois homens buscam a presidência colombiana: o atual presidente Juan Manuel Santos e o uribista Óscar Iván Zuluaga.

As mulheres são Marta Lucía Ramírez, Claudia Avila e Claudia López. A primeira conservadora e as outras duas esquerdistas. Contudo, as pesquisas de intenções de voto não indicam que os colombianos colocarão uma mulher na presidência.

Já no Peru, a “primeira-dama”, Nadine Heredia, mais popular que seu marido, o presidente Ollanta Humala, é objeto de todo tipo de especulações sobre se quer e se pode ser candidata nas próximas eleições. Tecnicamente não poderia. A legislação peruana proíbe parentes diretos de serem candidatos presidenciais, incluindo o cônjuge do presidente.

Bachelet, que entre sua primeira e segunda presidência foi chefe da ONU Mulheres, ganhou em janeiro do ano passado o segundo turno das eleições, nas quais concorreu com outra mulher, Evelyn Matthei. Foi o primeiro duelo eleitoral feminino da história do Chile e da América Latina e se deu a circunstância que tanto Bachelet como Evelyn são filhas de generais da Força Aérea.

Em Honduras, Xiomara Castro, esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, ficou em segundo lugar nas últimas eleições do país em 2013.

Das quatro chefes de Estado que a partir de amanhã a América Latina terá, uma é casada (Laura), outra viúva (Cristina) e duas divorciadas (Bachelet e Dilma). As quatro são mães, mas a que tem mais filhos (um homem e duas mulheres) é Bachelet. Laura tem um filho; Dilma, uma filha; e Cristina, um filho e uma filha.

Sem passar por eleições, a boliviana Lidia Gueiler Tejada foi a presidente que chegou à chefia de Estado a partir da presidência da Câmara dos Deputados em 1979. Oito meses depois, foi vítima de um golpe de Estado que a levou ao exílio.

Rosalía Arteaga governou o Equador por 48 horas em fevereiro de 1997, após a derrocada de Abdalá Bucaram, de quem era vice-presidente e após ser nomeada chefe de Estado “temporária”.

A haitiana Ertha Pascal-Trouillot era juíza suprema quando os militares que, tinham dado um golpe de Estado, lhe entregaram a presidência em 1990 a fim de que convocasse as eleições. Passou o poder a Jean Bertrand Aristide, o vencedor da eleição, onze meses depois.

Na Guiana, Janet Jagan, ex-primeira-dama e ex-primeira-ministra, foi escolhida e governou de 1997 a 1999.

No Caribe, além disso, são várias as mulheres que chegaram ao cargo de primeira-ministra. A primeira foi Dame Eugenia Charles, de Dominica, em 1980, e, atualmente, tanto na Jamaica, com Portia Simpson-Miller; quanto em Trinidad e Tobago, com Kamla Persad-Bissessar, há mulheres à frente de seus governos. EFE

ar/cdr

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