América Latina foi fonte de inspiração para filmes clássicos da Disney

  • Por Agencia EFE
  • 15/10/2014 10h14
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Marc Arcas.

San Francisco, 15 out (EFE).- Em 1941, Walt Disney e vários artistas de seu estúdio fizeram uma viagem de duas semanas e meia pela América Latina – um tour pago pelo governo dos Estados Unidos e que serviu de inspiração para a adaptação de títulos clássicos como “Peter Pan” e “Alice no país das maravilhas”.

Eram tempos da Segunda Guerra Mundial, e o governo do então presidente Franklin Roosevelt olhava com receio a crescente influência que a Alemanha e as potências do Eixo tinham sobre os países latino-americanos. Para reverter a situação, decidiu enviar seu melhor embaixador: o já então mundialmente famoso Walt Disney.

“A viagem pela América Latina trouxe uma renovação artística para Walt Disney”, explicou em entrevista à Agência Efe Theodore “Ted” Thomas, filho do animador Frank Thomas, que trabalhou lado a lado com Walt Disney e participou da expedição à América Latina.

Além disso, Thomas é o diretor do documentário “Walt & El Grupo”, que narra os detalhes da viagem latino-americana de Disney e seu pai.

Produtos diretos do tour foram dois dos títulos menos conhecidos do período clássico da Disney, “Alô, amigos” (1942) e “Os três cavalheiros” (1944), ambientados em diferentes paisagens latino-americanas como a Patagônia, os Andes, o Rio de Janeiro e a Cidade do México e realizados por pedido expresso do governo dos EUA.

No entanto, de acordo com Thomas, a importância dessa viagem para a Disney foi muito além, e sua influência se estende a títulos icônicos como “Cinderela” (1950), “Alice no país das maravilhas” (1951) e “Peter Pan” (1953).

“A viagem teve um grande impacto sobre o próprio Walt e todos os artistas que o acompanharam, sendo talvez o caso mais destacado o de Mary Blair. Durante o tempo em que passou na América Latina, o estilo e a paleta de cores de Blair sofreram uma grande transformação, adquirindo muitas influências da natureza e das culturas latino-americanas”, explicou Thomas.

Este novo estilo adquirido por uma das poucas mulheres animadoras da máxima confiança de Disney a levou a ser a principal responsável pelo desenvolvimento gráfico dos três filmes citados anteriormente.

A expedição dos estúdios Disney saiu dos EUA em dois grupos, principalmente porque o seguro de vida de Walt Disney o proibia de viajar com mais de sete membros de seu estúdio.

Os que viajavam com Disney pegaram o avião em 15 de agosto de 1941 em Miami Beach, passaram uma noite em Porto Rico e depois foram a Brasil, Argentina (onde conheceram vários gaúchos que depois apareceriam em “Alô, Amigos”), Uruguai e Chile.

“Walt e seu pessoal criativo faziam muitas observações da realidade que depois conservavam para usos posteriores, em algumas ocasiões para usá-las muitos anos depois”, explicou Thomas.

Do Chile, a equipe de Walt Disney pegou um navio em Valparaíso que a levou até Nova York através do canal do Panamá, com direito a paradas em Peru, Equador, Colômbia e Panamá.

Quando o grupo chegou à Colômbia, participou de uma expedição fluvial. Segundo Thomas, as fotos dessa expedição mostram que a embarcação usada pelo grupo é “enormemente parecida” com os navios de cruzeiro pela selva elaborados para a Disneylândia, inaugurada em Anaheim (Califórnia) em 1955.

“Tão boa foi a experiência de Walt Disney em sua viagem pela América Latina em 1941 que ele manteve amizade com muitas das pessoas que lá conheceu durante o resto de sua vida. A cada vez que um conhecido do Brasil, da Argentina ou do Chile visitava Los Angeles, Walt o convidava para conhecer seus estúdios”, contou o especialista em Disney. EFE

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