América Latina perde luta contra drogas por falta de políticas adequadas

  • Por Agencia EFE
  • 08/09/2014 10h46
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María José Brenes.

San José, 8 set (EFE).- A América Latina está perdendo a luta contra as drogas pela falta de políticas adequadas que promovam a educação, a saúde, a segurança e que garantam os direitos humanos, opinaram especialistas no tema.

Na região existe um consenso entre os analistas que a chamada “guerra contra as drogas” fracassou como estratégia porque buscou um objetivo inalcançável que é um mundo livre dessas substâncias.

“Partiu-se de uma meta equivocada que era um mundo livre de drogas. Isso em países da América Central ou América Latina se mistura com uma conjuntura muito difícil que é punição, e isso mostrou ser muito custoso e ineficaz”, explicou à Agência EFE o analista sobre políticas de drogas do Wilson Center dos Estados Unidos, o colombiano Juan Carlos Garzón.

O investigador participou junto com cerca de 200 especialistas na matéria da “5ª Conferência Latino-Americana sobre Políticas de Drogas” que aconteceu na Costa Rica, e que teve como objetivo avaliar a distribuição e consumo de drogas.

Para Garzón as políticas de ação que se aplicaram foram “não balanceadas” onde os governos tiveram mais ênfase em aplicar sanções fortes em vez de destinar mais recursos à prevenção do consumo.

“Concentramos em segurança e justiça boa parte dos recursos e do tempo, para no final, atacar os elos mais frágeis, que são pessoas que consomem ou que levam pequenas quantidades enquanto os peixes grandes, que requerem investigações complexas passaram despercebidos”, explicou Garzón.

Por sua vez, para a representante de Escritório em Washington para Assuntos Latino-Americanos de Direitos Humanos (WOLA, na sigla em inglês), a americana Coletta Younger, as estratégias devem ser “repensadas” para tratar o tema de consumo desde uma perspectiva de saúde pública.

Um dos principais problemas da distribuição de drogas é que se utilizam aquelas pessoas que são as mais vulneráveis, com necessidades econômicas e que os traficantes aproveitam para seu benefício.

Segundo os especialistas, os países deveriam buscar melhores soluções começando por um efetivo sistema judiciário, a promoção de políticas de desenvolvimento econômico, melhoria da educação e maior segurança.

Dados da WOLA indicam que no México alguns estados contam com até 60% de presos por consumo de maconha, o que chegou a abarrotar as prisões, criando uma crise humanitária, já que não contam com outras medidas alternativas de punição.

“Os encarregados do tema de segurança deveriam focar em reduzir o tema de homicídios, a quantidade de violência, e esses são os resultados que deveriam ser almejados. Quando se pensa em resultados diferentes as estratégias também devem ser diferentes”, disse à EFE o organizador do evento, o argentino Pablo Cymerman.

Para os analistas, o tema das drogas também entra em uma área de debate que aborda um mercado ilegal e legal.

“Quem coloca a dicotomia da ilegalização ou nada, está montando uma armadilha. Um mercado legal tem a possibilidade de controle de substâncias, dá às pessoas ferramentas para saber quem consome, assim como acontece atualmente com os remédios”, disse Cymerman.

O argentino acrescentou que essas divisões não permitem que os governos, a sociedade e os pesquisadores tenham um “diálogo franco e aberto” sobre as diferentes possibilidades que existem para enfrentar o combate às drogas.

Os especialistas insistiram que o objetivo sempre deve evitar o isolamento social, o encarceramento desproporcional dos consumidores de drogas, a violência, o prejuízo ambiental e a violação dos direitos humanos. EFE

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