Ampla vitória conservadora afastaria cenário de instabilidade no Reino Unido

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 03h47

María Luisa González.

Londres, 7 mai (EFE).- A folgada vitória que a pesquisa de boca de urna dá ao Partido Conservador do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afastaria o cenário de instabilidade política e de duras negociações para a formação do novo governo que se previa após a realização do pleito.

O Partido Conservador obteve o maior número de cadeiras, 316, segundo uma pesquisa divulgada pela emissora pública “BBC” depois do fechamento dos colégios eleitorais, o que deixa os “tories” a apenas dez cadeiras da maioria absoluta na Câmara dos Comuns, formada por 650 deputados.

As dez cadeiras que a pesquisa outorga ao Partido Liberal-Democrata, liderado por Nick Clegg, atual vice-primeiro-ministro e aliado de Cameron, bastariam para alcançar essa maioria.

No entanto, os liberal-democratas pagaram um alto preço por sua aliança com os conservadores ao perder 47 cadeiras, o que lhes desloca do terceiro lugar que ocupavam no parlamento em favor do Partido Nacionalista Escocês, ao qual o referendo do último mês de setembro parece ter dado asas com um resultado histórico que lhe dá 58 das 59 cadeiras atribuídas à Escócia na Câmara dos Comuns.

O ministro da Energia liberal-democrata, Ed Davey, reconheceu em declarações ao canal “Sky News” que a coalizão de governo com Cameron custou caro, mas disse que em 2010 “puseram o interesse nacional acima do interesse do partido” para facilitar a governabilidade do Reino Unido.

Os prognósticos antecipados por todas as pesquisas pré-eleitorais de longos dias ou inclusive semanas de duras negociações para formar governo se desvanecerão se for confirmada a vitória conservadora que permitirá a Cameron continuar como primeiro-ministro e que foi recebida com surpresa geral após as previsões de um resultado apertado com os trabalhistas, que ficariam com 263 deputados.

Para reforçar sua maioria, os “tories” poderiam contar também com as cadeiras do Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte (DUP), cujo líder, Peter Robinson, se ofereceu para respaldar tanto conservadores como trabalhistas em um eventual resultado apertado.

O dirigente unionista, partidário da permanência da província no Reino Unido, descartou fazer parte de um Executivo de coalizão com “tories” ou trabalhistas, mas expressou sua intenção de colaborar por meio de pactos com qualquer dessas duas forças em um parlamento sem maioria absoluta.

Os especialistas previam, com base no empate que preconizavam as enquetes entre os dois principais partidos, que se produziria o que no Reino Unido se conhece como “hung parliament” (“parlamento pendurado”).

Essa situação obrigaria as duas grandes legendas a buscar alianças com outros partidos como os independentistas escoceses de Nicola Sturgeon, os liberal-democratas de Nick Clegg, o eurofóbico UKIP de Nigel Farage ou o DUP.

Mas a grande maioria que o Partido Conservador parece ter obtido afasta esse cenário, que teria afundado o Reino Unido, a terceira economia da União Europeia (UE), em um período de instabilidade política que poderia levar inclusive à convocação em poucos meses de novas eleições.

Esse cenário, temido pelos setores econômicos e financeiros, parece se desvanecer e a libra se revalorizava esta noite logo após a divulgação do resultado da pesquisa da “BBC”.

A reeleição de Cameron pode, no entanto, abrir uma nova frente de instabilidade a respeito da relação do Reino Unido com a União Europeia, já que o líder “tory” se comprometeu a realizar um plebiscito no final de 2017 sobre a filiação do país ao bloco se ganhasse estas eleições.

A realização do plebiscito poderia acarretar ao primeiro-ministro problemas com seus atuais parceiros liberal-democratas, cujo líder, Nick Clegg, é um convencido europeísta.

Além disso, poderia suscitar receios na “city” londrina e outros setores financeiros, segundo os especialistas. EFE

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