“Analiso cada processo como se fosse o primeiro”, diz Marco Aurélio Mello ao completar 25 anos de STF

  • Por Jovem Pan
  • 17/06/2015 13h09
Carlos Humberto/SCO/STF/ Divulgação Marco Aurélio Mello

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello completou 25 anos trabalhando para a casa maior do Judiciário brasileiro. Ele deu entrevista exclusiva à Jovem Pan falando sobre a carreira e a data.

O Supremo inaugurou nesta quarta (17) exposição de objetos fotografias e documentos que marcaram a trajetória do ministro até seu jubileu de prata.

Mello tomou posse no Supremo em 13 de junho de 1990, com apenas 43 anos. Hoje, com 68 e a menos de um mês de completar 69, tem a perspectiva de estender em mais cinco anos seu serviço após a aprovação da “Pec da Bengala”.

“Não sei de onde vem tanto entusiasmo”, disse o ministro. “Analiso cada processo como se fosse o primeiro de toda minha vida”.

Marco Aurélio disse que quando era estudante de Direito “não se imaginava sequer juiz, quanto mais juiz da Suprema Corte”.

TV Justiça

Mello também comentou a criação da TV Justiça, que transmite ao vivo em rede nacional os julgamentos do STF.

“Foi um sonho e uma ousadia”, disse. “Enquanto o projeto corria, eu já tocava, mesmo sem a simpatia dos meus colegas, as obras físicas para a instalação das câmeras no prédio”, contou. “Acabei batendo o córner e cabeceando a gol”, gabou-se o ministro.

Hábitos

Marco Aurélio contou ainda que trabalha durante o dia, diferente de sua esposa, Sandra de Santis Mello, desembargadora de Justiça, que prefere analisar os processos de madrugada.

“Juiz não tem nem sábado nem domingo”, disse Mello, por causa do grande volume de causas analisadas pelo STF.

Marco Aurélio disse ainda que encontra tempo, mesmo que com dificuldades, para ler livros do comentarista Jovem Pan e historiador Marco Antonio Villa.

“Eu sou progressista, mas geralmente as mulheres são mão-pesada”, brincou também Marco Aurélio. “Nós aprendemos a vida toda”, disse.

Principais Casos

O entrevistado comentou também a alcunha que recebeu de “ministro do voto vencido”, mas garantiu: “Eu não sou um juiz torrão”.

“É preciso que me convençam”, antes de ter suas convicções iniciais mudadas, ressaltou, porém.

Mello por fim comentou os principais casos de cujo julgamentos participou nos 25 anos.

Ele citou o caso do livreiro Siegfried Ellwanger em 2003, condenado por racismo contra os judeus, decisão a que foi contra.

Outros casos lembrados foram o da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em 2013, e da interrupção da gravidez em caso de anencefalia em 2012.

Sobre o caso do mensalão (ação penal 470), Mello disse: “um julgamento muito trabalhoso, sem se considerar os descompasos entre o revisor e o relator”

“São muitos os casos importantes” de que participou, diz Marco Aurélio, uma vez que “o Supremo é um grande laboratório de controvérsias”.

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