Analistas dizem que EUA erraram ao promover paz entre Israel e Palestina

  • Por Agencia EFE
  • 15/06/2014 07h11
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María Luisa González.

Tel Aviv, 15 jun (EFE).- O fracasso da última tentativa de relançar as negociações entre Israel e Palestina, protagonizado pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, é visto por diferentes setores da sociedade israelense como uma nova prova do longo e tortuoso caminho para se alcançar a paz.

Para Gadi Baltiansky, diretor-geral da Iniciativa de Genebra, que desenhou os Acordos de 2003 -um roteiro para estabelecer os fundamentos da paz entre Israel e Palestina a partir da existência de dois Estados-, os Estados Unidos “se equivocaram”.

“O que era necessário era que colocassem algo sobre a mesa, não impor, mas propor”, disse.

Outra razão do “fracasso de Kerry”, segundo a opinião do analista, foi o fato do primeiro- ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o líder palestino, Mahmoud Abbas, não terem se reunido.

“O melhor seriam negociações diretas. Assim se negociaram os Acordos de Oslo e a paz com a Jordânia. Mas o problema é que os principais atores não querem isso. Netanyahu e Abbas não se encontraram, não há um nível de confiança”, afirmou Baltiansky.

Outro problema detectado pelo representante da Iniciativa de Genebra é que “os palestinos apresentam posições muito claras – um mapa, Jerusalém, os refugiados – enquanto Israel não colocou as suas sobre a mesa”.

Se Israel tem que ser mais claro com sua postura, Baltiansky afirmou também que “os palestinos têm que dizer a verdade ao seu povo: o desejo de retorno dos refugiados não será objeto de nenhum acordo”, e “Israel tem que dizer ao seu que terá que deixar os assentamentos” na Cisjordânia.

Apesar da paralisia do processo, Baltiansky é uma das poucas vozes em Israel que se confessa otimista com o futuro.

“A maior razão para a esperança é que as duas partes não têm uma melhor alternativa do que um acordo e eu não perco a esperança de que inclusive os dois líderes- Netanyahu e Abbas- possam alcançá-lo”, opinou.

“Abbas, não tenho certeza se quer conseguir um acordo e se pode. Netanyahu tenho certeza que pode, mas não quer”, analisou.

No lado do pessimismo está Dani Dayan, chefe das Relações Exteriores do Yesha Council, uma associação que representa os interesses dos colonos judeus.

Dayan é categórico ao afirmar que “é evidente que um acordo entre israelenses e palestinos em um futuro próximo não será alcançado”, impressão que se vê reforçada “pelo completo fracasso de Kerry”.

O acordo não está perto “pelos objetivos e pelas aspirações” de ambas as partes, afastadas demais”, argumentou. Dayan acredita que a comunidade internacional “hoje entende que não estamos perto de uma solução”.

O representante dos colonos considera, além disso, que “a ideia dos dois Estados é uma miragem” e opina que, se ocorresse uma retirada dos assentamentos na Cisjordânia, “Hamas tomaria o poder” na região e isso significaria ataques diretos contra Israel.

“Uma retirada unilateral da Cisjordânia, seria, não tenho nenhuma dúvida, outra guerra”, acrescentou.

A solução para Dayan passa por “não mentir para nós mesmos”, já que “o conflito vai ficar sem solução até que uma das partes mude de posição ou se produza uma mudança geopolítica na zona”.

Como isso não se vê no horizonte, o representante dos colonos propõe mudar o “ambiente de hostilidade existente, a forma de vida, com uma ofensiva israelense de direitos humanos para a Palestina”.

Segundo Dayan, essa seria a solução, pois a criação de um Estado palestino “seria um suicídio para Israel” e a “saída da Cisjordânia seria inaceitável” para o setor que representa.

O ministro de Assuntos Estratégicos israelense, Yubal Steinitz, declarou que “a paz tem que ser uma paz real” e, se forem incluídas “concessões territoriais, tem que ser com duas condições: que se trate de uma paz real, não apenas sobre o papel, e que exista garantias de segurança” para Israel.

Steinitz lembrou que após a retirada de Gaza, há nove anos, “algo muito penoso, mas que fizemos”, Abbas prometeu que “não haveria hostilidades”, mas “ocorreram lançamento de foguetes depois do compromisso de Abu Mazen (Abbas), 11.650 lançamentos, e hoje ainda há milhares de foguetes em Gaza”.

O ministro afirmou ainda que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) tem que garantir a segurança no território dar um passo indispensável: “reconhecer nossa existência”. EFE

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