Anastasia e Cameli negam indícios sobre Lava Jato para abertura de inquéritos
Os senadores Antônio Anastasia (PSDB-MG) e Gladson Cameli (PP-AC) discursaram hoje (10), no plenário do Senado, para se defenderem dos indícios de que teriam participado do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, desvendado pela Operação Lava Jato. Os nomes dos dois constam na lista de políticos sobre os quais o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquéritos, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Anastasia entitulou seu discurso como A Grande Indignação, e lembrou seus 30 anos de serviço público. “Exerci muitos cargos relevantes e de alta responsabilidade. Convivi com milhares de pessoas e jamais – jamais – tive questionada minha retidão ética, minha probidade. Nesse longo período, não amealhei patrimônio material significativo, o que tenho é plenamente compatível com meus rendimentos. Nunca me arrependi. Fiz uma escolha. Poderia ter exercido a advocacia, talvez com sucesso profissional e financeiro. Mas a vocação pelo serviço público sempre falou mais alto”, disse.
O senador apontou incongruências no depoimento de um ex-policial federal que disse ter levado R$ 1 milhão para ele, a mando de Alberto Youssef, para uma casa em Belo Horizonte que julgava ser dele. “Basta a simples leitura do que já foi disponibilizado para se verificar as contradições e incongruências: não há identificação da tal casa, seu endereço ou seu proprietário, não se sabe quem seja, não se sabe a data, a hora, o meio de transporte, nada. A identificação feita por foto é por mera semelhança”, alegou. O senador ressaltou ainda que, em delação premiada, Youssef negou que tenha enviado qualquer remessa para ele por meio do policial.
Em seguida, foi a vez do senador Gladson Cameli discursar e negar, com veemência. “Não recebo e nunca recebi valores do Partido Progressista que não estejam devidamente declarados e, mais, aprovados pelo Tribunal Regional Eleitoral, na sua unanimidade e sem ressalva”, enfatizou.
Ele disse que está sendo julgado sem processo e sentenciado sem defesa, por causa da abertura do inquérito que irá investigar os indícios de que ele teria sido beneficiado por recursos desviados da Petrobras. “Confesso a vocês que me causou indignação ver meu nome na lista do procurador da [República]. Por outro lado, estou tranquilo, pois não deixarei de provar que as acusações supostamente incriminadoras não passam de devaneio do acusador, uma vez que não se encontram indícios e muito menos elementos para a abertura da peça administrativa”, disse o senador.
O ministro Teori Zavaski autorizou a abertura de inquéritos sobre 22 deputados e 12 senadores. Entre eles, líderes partidários, ex-ministros do governo de Dilma Rousseff e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
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