Anistia Internacional alerta para fracasso de apoio a refugiados

  • Por Agencia EFE
  • 15/06/2015 10h07

Beirute, 15 jun (EFE).- Os líderes mundiais estão condenando milhares de refugiados à morte e milhões deles a uma existência insuportável por não serem capazes de proporcionar proteção humanitária essencial, denunciou Anistia Internacional (AI) nesta segunda-feira.

A ONG apresentou hoje em entrevista coletiva em Beirute um relatório pelo Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho, e fez um pedido para a comunidade internacional mudar a maneira como trata os deslocados.

“Somos testemunhas da pior crise de refugiados de nossa era, com milhões de mulheres, homens e crianças lutando para sobreviver em meio a guerras atrozes, redes de tráfico de pessoas e governos que perseguem interesses políticos egoístas em vez de mostrar compaixão”, disse o secretário-geral da AI, Salil Shetty.

A resposta internacional a esta crise, um dos grandes desafios do século XXI, foi “um fracasso vergonhoso”.

Por eles, AI propôs revisar estratégias e políticas, e sugeriu medidas como a realização de uma cúpula internacional, lutar contra a xenofobia e um compromisso dos Executivos para reassentar um milhão de refugiados nos próximos quatro anos.

Além disso, acredita ser necessário estabelecer um fundo especial para atender os deslocados em momentos de crise e ajudar os estados mais afetados.

Outros dos passos sugeridos são: a ratificação global da Convenção da ONU para os Refugiados, e o desenvolvimento de sistemas nacionais para avaliar as necessidades dos deslocados e garantir serviços básicos como saúde e educação.

“O mundo não pode mais ficar sentado olhando países como o Líbano e Turquia assumirem cargas enormes. Nenhum país deveria ser abandonado para abordar uma emergência humanitária em massa com tão pouca ajuda de outros só porque faz fronteira com um estado em conflito”, ressaltou Shetty.

No documento, a AI repassou as principais crises de refugiados no mundo, e destacou a situação da Síria.

O texto ressaltou que mais de quatro milhões de pessoas fugiram do território sírio, e que 95% estão na Turquia, no Líbano, na Jordânia, no Iraque e no Egito, que agora lutam para enfrentar estas circunstâncias diante do fracasso da comunidade internacional na hora de provê-los de recursos suficientes.

A ONG lembrou que, como consequência, alguns desses países tomaram decisões controversas, como barrar a entrada dos refugiados em seu território.

Muitos sírios, diante de uma assistência humanitária reduzida nos estados de amparo e sem perspectivas de retornar a suas casas, provavelmente tentarão chegar à Europa cruzando o Mediterrâneo, o que AI classificou como “a rota marítima mais perigosa”.

O relatório apontou que em 2014 219 mil pessoas cruzaram este mar em “condições perigosas extremas”, 3.500 delas faleceram e as autoridades italianas recuperaram 170 mil.

A Comissão Europeia propôs que seus membros ofereçam 20 mil vagar para abrigar os refugiados de fora de suas fronteiras, o que a AI considerou uma quantidade pequena. EFE

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