Anonymous declara guerra ao governo canadense

  • Por Agencia EFE
  • 01/08/2015 18h57

Julio César Rivas.

Toronto (Canadá), 1 ago (EFE).- A morte de um ativista vinculado ao grupo Anonymous atingido por disparos da polícia do Canadá provocou uma guerra virtual entre as autoridades do país e seus integrantes, que ameaçaram revelar em breve segredos do governo.

O Anonymous anunciou neste sábado através do Twitter que está “perto” de revelar informação sobre a “verdadeira razão” pela qual o ex-ministro de Relações Exteriores do Canadá John Baird “renunciou repentinamente” em 3 de fevereiro. Baird, de 45 anos, não apenas saiu sem dar detalhes sobre sua decisão, como também deixou o cargo poucos meses antes da convocação das eleições e aceitou vários contratos com empresas do setor privado.

Segundo o Anonymous, o grupo possui documentos confidenciais sobre Baird, que durante anos foi o responsável pela diplomacia canadense e uma das principais figuras do governante Partido Conservador, do primeiro-ministro, Stephen Harper. Os vazamentos de informações dos últimos dias sobre Harper dissolver a Câmara baixa do parlamento este domingo para convocar eleições gerais em 19 de outubro fizeram com que o Anonymous decidisse “mudar de forma significativa o calendário”.

As ameaças e acusações veladas do Anonymous contra Baird e o governo de Harper, relacionadas à vida privada do ex-ministro de Relações Exteriores, teriam sido ignoradas pela maior parte da imprensa se não fosse o fato de o grupo ter revelado na última terça-feira um documento secreto do governo em Ottawa. O texto, que foi enviado a alguns meios de comunicação do país e depois disponibilizado na internet, possui três páginas marcadas como “segredo” do Conselho do Tesouro do Canadá, o departamento que controla todos os ministérios do governo, sobre os serviços secretos canadenses.

Com data de fevereiro de 2014, o documento detalha o pedido de mais de 20 milhões de dólares canadenses (mais de R$ 52 milhões) ao Serviço de Segurança e Inteligência do Canadá (CSIS) para melhorar a proteção de suas comunicações. Contudo, o mais importante é que o documento revela que a CSIS conta com 25 postos no exterior com 70 agentes “recolhendo e processando informação de inteligência”, que somam 22.500 mensagens ao ano, “sem contar o elevado volume de tráfego muito sensível da estação de Washington”.

Até agora, só se sabia que CSIS contava com três postos no exterior, todos nas capitais de países aliados: Estados Unidos, Reino Unido e França. O documento também indica que vários dos 25 postos do serviço secreto canadense se encontram em países em desenvolvimento ou em zonas de conflito.

A revelação fez com que o governo canadense levasse a sério as ameaças do Anonymous. Agora, o Serviço da Segurança das Comunicações (CSE), o departamento de inteligência que espiona as comunicações nacionais e internacionais, e a Real Polícia Montada do Canadá estão investigando o vazamento do documento.

Foram exatamente as ações da polícia que desencadearam o atual enfrentamento entre o Anonymous e o governo canadense. Em 16 de julho, durante uma manifestação contra uma obra, a polícia matou um indivíduo que escondia o rosto com a máscara de Guy Fawkes, o revolucionário britânico cuja imagem foi popularizada pela história em quadrinhos “V for Vendetta” (V de Vingança) e que se transformou no símbolo de Anonymous.

A polícia justificou que atuou dessa forma porque o homem estava munido de uma faca. Pouco depois, o Anonymous identificou a vítima como James McIntyre, de 48 anos, e que era um de seus integrantes.

Em vídeo publicado no YouTube, eles pediram que a polícia revelasse o nome do agente que atirou e, caso isso não acontecesse, começariam a revelar informações secretas do governo canadense.

“Até que isto passe, revelaremos segredos extraordinários em intervalos irregulares”, ameaçou o Anonymous. EFE

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