Antes de abrirem embaixadas, Cuba e EUA se reúnem para resolver pendências

  • Por Agencia EFE
  • 15/03/2015 18h31
  • BlueSky

Sara Gómez Armas

Havana, 15 mar (EFE).- Cuba e Estados Unidos retomarão nesta segunda-feira as negociações para resolver os detalhes pendentes para o restabelecimento das relações diplomáticas entre os países e a abertura de embaixadas antes da Cúpula das Américas, que será realizada em abril, um desejo da parte americana.

Está previsto que secretária-adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Roberta Jacobson, chegue neste domingo a Havana, para iniciar amanhã uma nova rodada de diálogo com a outra parte, a diretora para os EUA do Ministério cubano de Relações Exteriores, Josefina Vidal, conversas que podem durar vários dias.

Embora seja uma rodada crucial, na qual devem ser solucionados os assuntos pendentes que até agora dificultavam a abertura de embaixadas, não devem haver “grandes anúncios”, segundo o Departamento de Estado dos EUA

No caminho para a normalização de suas relações, Cuba e Estados Unidos tentam agora poupar suas divergências em relaçaõ às formalidades e aspectos técnicos para a reabertura das respectivas embaixadas, fechadas em 1961.

As partes devem chegar a um acordo sobre a quantidade de representantes diplomáticos credenciados, a liberdade de movimento deles pelo país e a eliminação de restrições na mala diplomática, o que Cuba resiste ao dizer que Washington utilizou esse meio para introduzir equipamentos “suspeitos”, como rádios.

Os Estados Unidos também reivindicam a livre entrada de cubanos a sua sede diplomática, fortemente protegida por policiais cubanos que exigem a identificação dos visitantes e explicações sobre os motivos da visita.

“As diferenças técnicas entre ambas as partes sobre as embaixadas são reconciliáveis, mas vão precisar de uma vontade de colaboração respeitosa que há até pouco tempo não tinha caracterizado os contatos oficiais entre Cuba e EUA.”, disse à Agência Efe o diretor do Instituto de Pesquisas Cubanas da Universidade da Flórida, Jorge Duany.

O especialista considerou que nesta rodada de conversas serão feitos “avanços significativos” para a restauração de relações diplomáticas, mas “ambas as delegações terão que fazer concessões para poder cumprir sua incumbência”.

Nas recentes conversas em Washingto, no dia 27 de fevereiro, a parte cubana poupou um empecilho fundamental neste processo ao desvincular a saída da ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo da abertura de embaixadas, algo que o país considerava requisito indispensável até o momento.

No entanto, os negociadores dos EUA estão cientes da importância do tema para não comprometer o restabelecimento de relações, por isso uma funcionária do Departamento de Estado afirmou na sexta-feira que esperam tomar uma decisão em breve sobre a saída de Cuba da lista, na qual está desde 1982.

“A decisão não pode ser tomada da noite para o dia porque o Departamento de Estado deve avaliar cuidadosamente se Cuba apoiou atos de terrorismo internacional nos últimos seis meses”, explicou Duany.

EUA e a ilha retomam o diálogo em um momento de grande tensão entre o país americano e a Venezuela, o mais fiel e estreito aliado nas últimas décadas da Cuba revolucionária, que agora se encontra em meio a uma situação incômoda.

Poucas horas depois que os Estados Unidos impuseram na segunda-feira novas sanções a venezuelanos e consideraram o país como uma “ameaça à segurança nacional”, Cuba emitiu uma declaração de “apoio incondicional” ao parceiro bolivariano.

“O aumento da tensão entre EUA e Venezuela coloca Cuba em uma posição difícil, já que, por um lado, apoia incondicionalmente o governo de Nicolás Maduro, mas também procura coexistir pacificamente com o antigo rival do norte para promover melhores relações comerciais e financeiras”, disse Duany.

Enquanto nenhuma menção foi feita de Cuba sobre a situação venezuelana, o Departamento de Estado dos EUA esclareceu que o confronto com a Venezuela não terá impacto na normalização dos laços diplomáticos com a ilha caribenha.

Em paralelo às negociações diplomáticas, grupos de especialistas de ambos os países já fizeram contatos na semana passada sobre aviação civil e tráfego humano em Washington. Um encontro semelhante é esperado para a última semana de março em Havana para falar sobre direitos humanos.

Além disso, entre os dias 24 e 25 de março o coordenador para as Comunicações Internacionais do Departamento de Estado dos EUA, Daniel Sepulveda, visitará a capital cubana para dialogar sobre a melhoria do acesso às telecomunicações na ilha. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.