Antes de qualquer reforma, Temer deveria pensar na reforma de comunicação

Temer/Mendonça Filho

Michel Temer e Mendonça Filho

Mais um anúncio de reforma feito pelo governo de Michel Temer, mais um desastre de comunicação.

Na última quinta-feira (22), o presidente Michel Temer assinou uma Medida Provisória (MP) para reestruturação do ensino médio que, quando aplicada, possibilitará ao aluno escolher diferentes trilhas de formação e formação técnica.

No primeiro texto distribuído, a MP dispensava o ensino de Artes e Educação Física durante todo o ensino médio. Não precisou de muito tempo para o setor educacional reagir. A Lei de Diretrizes Básicas (LDB) da Educação determina que ambas as disciplinas são obrigatórias durante todas as etapas da educação básica. 

Com o estrago feito, o próprio Ministério da Cultura soltou uma nota garantindo que não haveria o corte dessas disciplinas. A promessa era de que a versão final manteria as 13 disciplinas exigidas atualmente por lei – até que seja definida a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Foi dada uma explicação: a equipe do MEC teria errado e divulgado uma versão do texto que ainda não era a final.

O problema é que na noite desta sexta-feira (23) uma edição extra do Diário Oficial da União trouxe o texto da MP mantendo os trechos polêmicos – aqueles que tratam Artes e Educação Física como não-obrigatórias no ensino médio.

Alô, ministro

O ministro da Educação, Mendonça Filho, explicou em entrevista ao Jornal da Manhã desta sexta (23) que o currículo básico será determinado pela Base Nacional Comum Curricular.  “Nós queremos concluir a discussão dessa base até o próximo ano”, explica. “No mais, cada escola e cada rede estadual vai adaptar a complementação do ponto de vista de conteúdos e de disciplinas de acordo com seu planejamento e protagonismo do próprio jovem”, afirma. 

Se a BNCC é tão importante assim para a elaboração da reforma, talvez a equipe do MEC devesse ler o que diz o texto até agora. Sobre a importância da Educação Física, por exemplo, a BNCC diz entre outras coisas: Os/as estudantes do Ensino Médio trazem para as aulas um conjunto de experiências com a Educação Física que influenciam a relação com o componente e seus conteúdos nessa etapa, mas também podem transformar, no transcurso desse ciclo, o modo como lidam com esse universo e com os próprios corpos. Para muitos, esta é a última chance de acessar um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre a Educação Física e, por tal motivo, não se pode abrir mão de lhes oferecer o máximo de oportunidades possíveis, para que estabeleçam uma relação qualificada com a cultura corporal de movimento.

PITACO DA JOVEM PAN: Antes de mais nada, Michel Temer precisa de uma reforma em sua comunicação.