Apesar das diferenças sobre a Ucrânia, Merkel e Putin trabalharão em conjunto

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 15h29
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Virgínia Hebrero.

Moscou, 10 mai (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, defenderam neste domingo um trabalho conjunto para resolver a crise da Ucrânia, apesar de reconhecerem grandes diferenças na avaliação do conflito.

O gesto da líder alemã de comparecer à homenagem aos milhões de soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial e o reconhecimento público em Moscou da “responsabilidade histórica” do país contribuiu, sem dúvidas, para abrir caminho para a conciliação.

“Com minha visita de hoje, quis expressar que trabalhamos juntos com a Rússia, e não contra ela”, disse Merkel na entrevista coletiva que deu ao lado de Putin após uma reunião no Kremlin.

“Apesar de nossas diferenças, devemos buscar o diálogo e uma solução pacífica através de esforços diplomáticos”, acrescentou a chanceler, se referindo sem eufemismos sobre a crise.

“A anexação da Crimeia, uma violação da lei internacional, e a intervenção militar na Ucrânia causaram um grave prejuízo na nossa cooperação porque vemos nisso uma ameaça à paz na Europa”, afirmou.

No entanto, destacou que tanto ela como Putin defendem o pacote de medidas acertadas em Minsk como a base para tentar uma solução pacífica no leste ucraniano.

Putin insistiu sobre o avanço do processo de negociações na capital bielorrussa, mesmo com várias dificuldades. E destacou que a situação ficou mais tranquila no país depois do dia 12 de fevereiro.

Foi justamente nesta data que Putin e Merkel, junto com os presidentes da França, François Hollande, e da própria Ucrânia, Petro Poroshenko, encerraram uma jornada de 24 horas seguidas de negociações em Minsk, acertando um cessar-fogo e um acordo político-militar.

“Quando falamos de cumprir os pontos do acordo de paz de Minsk nos referimos ao restabelecimento da soberania e da integridade territorial da Ucrânia. Não podemos dizer que uma parte está cumprindo o pacto 100% e a outra não faz nada, mas temos informações sobre mais violações (da trégua) feitas pelos separatistas”, disse Merkel.

Putin ressaltou que os ucranianos também devem “suspender o bloqueio econômico”, restabelecendo as relações financeiras e bancárias com as regiões rebeldes de Donestk e Lugansk.

E destacou que ele e Merkel diferem substancialmente da avaliação que fazem dos eventos na Ucrânia. A Rússia, por exemplo, considera que a mudança de poder em Kiev em fevereiro de 2014, quando caiu o presidente Viktor Yanukovich, foi um golpe de Estado.

O presidente pediu que a comunidade internacional tenha um único critério para analisar os eventos mundiais “com as mesmas regras”.

Perante a imprensa, Merkel lembrou das milhões de vítimas soviéticas que morreram na Segunda Guerra Mundial combatendo a Alemanha nazista.

“Em nós recai a responsabilidade de lembrar disso e de extrair lições. Por isso, agora que temos diferenças, e me refiro à anexação da Crimeia e da crise na Ucrânia, sempre é importante recordar desses fatos históricos e dizer à Rússia que sabemos o sofrimento que infligimos aos povos da União Soviética”, destacou.

“A Rússia não lutou contra a Alemanha, mas contra os nazistas. A Alemanha se transformou na primeira vítima do nazismo. Lá tínhamos muitos colaboradores e amigos”, respondeu Putin, agradecendo a visita de Merkel ao país.

Pouco antes de se reunirem, ambos fizeram levaram flores ao túmulo do Soldado Desconhecido, aos pés das muralhas do Kremlin.

A chanceler alemã tinha negado o convite para comparecer ontem ao tradicional desfile militar do Dia da Vitória na Praça Vermelha, evento que não contou com a presença de nenhum líder ocidental como forma de protesto pela crise na Ucrânia.

“É decisão deles. No entanto, acho que as questões da conjuntura política são menos importantes que coisas de caráter fundamental, relacionadas como o apoio à paz mundial e o inadmissível de uma catástrofe como a Segunda Guerra Mundial”, disse Putin sobre o boicote. EFE

vh/se

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