Apesar de estar disposto ao diálogo, Abbas não aceita caráter judeu de Israel

  • Por Agencia EFE
  • 26/04/2014 14h39
  • BlueSky

Ramala, 25 abr (EFE).- O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, reforçou neste sábado seu compromisso com a negociação de paz ao mesmo tempo que ressaltou que os palestinos se recusam a reconhecer o caráter judeu do Estado de Israel, um dos requisitos formulados pelo atual governo israelense.

“Não vamos reconhecer a natureza judaica do Estado de Israel. Já reconhecemos o Estado de Israel. É algo que não foi exigido nem pelo Egito nem pela Jordânia”, em referência aos acordos de paz com os países em 1978 e 1994 respectivamente, afirmou Abbas em discurso no início do Conselho Central Palestino, órgão que assume as decisões políticas à revelia da Conselho Nacional Palestino (parlamento).

“Se Israel quer isso de verdade, a primeira que deve fazer é ir à ONU e mudar ali sua denominação”, acrescentou Abbas entre aplausos dos 84 dos 124 membros do comitê que participaram da reunião, realizada na Muqata, a sede do governo palestino na cidade cisjordaniana de Ramala.

Abbas lembrou que a libertação dos presos palestinos por Israel e a interrupção da construção nas colônias da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental são os requisitos para que o diálogo prossiga.

“Estamos comprometidos com o diálogo até 29 de abril”, quando expira o prazo de nove meses fixado no começo das negociações, em julho de 2013, “mas exigimos que Israel cumpra com a libertação da última rodada de presos como prometeu”, afirmou.

Abbas insistiu que foi Israel, com sua intransigência e a introdução constante de novas exigências o que levou o processo à situação de colapso atual.

A crise na negociação foi materializada na quinta-feira com o anúncio de que o governo israelense suspendia as negociações com os palestinos após o acordo fechado na véspera entre o movimento nacionalista Fatah (liderado por Abbas) e o islamita Hamas (que governa a Faixa de Gaza) para formar um executivo de união nacional.

O líder palestino denunciou, além disso, que Israel não mostrou interesse algum em mudar a situação ao “manter a ocupação, aumentar as colônias, judaizar Jerusalém e tentar alterar o status da Esplanada das mesquitas, tirando-a da Jordânia”.

Abbas insistiu em desmontar a teoria israelense de que a reconciliação o uniu no governo palestino com os terroristas, como Israel (da mesma forma que a UE e os Estados Unidos) define ao Hamas, que desde 2007 governava Gaza sozinho, após ter expulsado à força as milícias do Fatah.

“O governo é um órgão que administra, que se ocupa dos assuntos internos. As negociações ficam nas mãos da OLP. O que a OLP ou eu reconheçamos o resto reconhecerá”, afirmou o presidente palestino.

Abbas insistiu que o caminho que se deve percorrer agora é muito simples: “primeiro será formado um governo de unidade integrado por tecnocratas independentes e depois serão realizadas eleições”, possivelmente em janeiro de 2015.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) respaldou, além disso, a negociação como instrumento de paz e insistiu que ela está parada devido à insistência de Israel de não cumprir com o assinado nos Acordos de Oslo de 1993, que também não é reconhecido pelo Hamas.

“Não vamos reconhecer nenhuma colônia nem ceder em nossos direitos. Nosso estado é, segundo a ONU, tudo o que existe dentro das fronteiras de 1967, com a capital em Jerusalém Oriental”, acrescentou o presidente palestino. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.