Apesar de prisão de chefe da Cracolândia, lei “frouxa” impede combate a droga
Chefe do tráfico do feirão do crack é preso depois da reportagem da JP Online registrar imagens do comércio nas ruas da Cracolândia. As cenas mostram o homem agindo na região mais policiada do país, ao lado da Sala São Paulo e da Estação Júlio Prestes.O flagrante foi feito na Alameda Dino Bueno, onde circulam dezenas de dependentes sem tratamento, perto de uma escola, prédios residenciais e do comércio.
Apesar da proibição, o crack é consumido em toda a cidade e a reportagem da Jovem Pan flagrou inúmeros usuários.Falando a repórter Izilda Alves, o titular do desenvolvimento social, Floriano Pesaro, confirmou a prisão do traficante e fez críticas à prefeitura.
O secretário acrescenta, entretanto: “Você prende um traficante na região e vem outros, porque há consumidores, há dependentes químicos”.
Pesaro diz que esteve na região da cracolândia na manhã deste domingo e relata não ter encontrado um cenário muito diferente do denunciado pela reportagem. Ele informa ainda que o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, “tem ido frequentemente à região também para acompanhar”. Pesaro garante que a polícia tem marcado presença na região, com homens à paisana e a inteligência policial, apesar da aparente inércia dos oficiais vista nas imagens abaixo.
O secretário diz que o Estado paulista “depende muito” da trabalho da administração municipal na região. “Estamos retirando as pessoas de lá numa parceria com a prefeitura de São Paulo”, diz, cobrando uma maior eficiência do órgão municipal na primeira abordagem aos adictos, que costumam demonstrar muita resistência ao tratamento de imediato. “Aqui no estado de São Paulo nós dependemos muito do trabalho da Prefeitura. Se a Prefeitura vai mal, os programas vão mal. A Prefeitura é a porta de entrada (para o tratamento).”
Pesaro também deixa claro que a concentração de programas do município no centro não agradam aos projetos do Estado. “Temos uma dificuldade maior porque os programas da Prefeitura são muito concentrados naquela região (central), inclusive contra a nossa vontade, porque nós achamos que o atendimento tem que ser descentralizado”, opina. “Enquanto não tirar o consumidor dependente químico de lá, os traficantes vão continuar lá (na cracolândia)”.
Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Santa Cecília, Fabio Fortes, há uma cumplicidade do poder público no sentido da desobstrução do passeio público. Essa é uma região totalmente tomada pelo consumo e venda de drogas.”
Na visão do Promotor de Justiça Criminal do Ministério Público de São Paulo, Marcelo Barone, uma das principais causas dessa situação na região é a ineficiência da lei. “Infelizmente vivemos num país de faz de conta”, diz. “Não existe nenhum tipo de repressão a esta conduta. Não existe repressão do Estado a isso. Ninguém se preocupa em alterar a legislação.”
Veja o vídeo da reportagem da Jovem Pan
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.