Apesar de rombo histórico, balanço de novembro pode apresentar retomada de crescimento econômico

  • Por Jovem Pan
  • 26/12/2016 17h51
Brasília - A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi divulga o resultado primário do Governo Central do mês de novembro (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Secretária do Tesouro Nacional

O balanço referente ao mês de novembro divulgado pelo Governo Central nessa segunda-feira (26) apresentou um déficit primário de R$ 38,356 bilhões, o pior resultado para o mês em vinte anos, e o Governo trabalha com resultados ainda piores para o fechamento desse ano. A previsão para dezembro é de R$ 73,5 bilhões.  Apesar de toda a movimentação do Governo de Michel Temer para a contenção de gastos, este desemprenho ruim, assim como para o próximo ano, já é esperado por conta do crescimento natural das contas públicas.

Para o professor do Insper e diretor da Artesanal Investimentos, Alexandre Chaia, a análise destes números representa, por outro lado, o crescimento verdadeiro da receita, mesmo que a variação seja muito pequena, quase de estabilidade. O resultado de novembro representa alta real de 1,9% nas receitas em relação a igual mês do ano passado.

“O que aconteceu esse mês foi um crescimento de 18% nos gastos públicos, além da arrecadação. A receita teve aumento por conta de impostos, não só através da repatriação de recursos, mas em crescimento real. E esta pode ser uma luz para o próximo ano, já que começa uma retomada de crescimento econômico”, comenta Chaia em entrevista exclusiva a Denise Campos de Toledo, na rádio Jovem Pan. “Se o crescimento no ano que vem continuar em torno de 0,5%, como prevê o mercado, haverá garantia em ganhos em termo de receita”.

Há uma preocupação com relação ao cumprimento da meta que prevê um rombo de R$ 139 bilhões em 2017, valor bem menor que deste ano, mas ainda bem pesado, o que cobrará um grande esforço do Governo para reduzir gastos e segurar este resultado. Mesmo com a PEC do teto dos gastos, o governo pode ter de promover um corte adicional, já que acabou aumentando as despesas desse ano por destinar mais recursos para saúde e educação e autorizar aumentos salarias.

“O rombo que temos nos últimos dois anos foi basicamente causado por uma queda brusca da receita, que parou de cair, mas que não quer dizer que ela gerou o suficiente, já que a despesa continuou crescendo em ritmo forte. Você tem que gerar muito mais crescimento de receita para poder cobrir toda essa despesa. Com a PEC dos gastos você coloca uma expectativa de não crescer mais os déficits publicados. No entanto, mesmo com esta PEC, deve haver cuidado, pois se o governo relaxar e ceder reivindicações de pedaços de crescimento, ano que vem pode ter um problema de cumprimento de meta”, explica ele.

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