Apesar de toque de recolher, protestos em Ferguson deixam feridos e detidos
Washington, 17 ago (EFE).- Os protestos na cidade americana de Ferguson (Missouri) deixaram um ferido e sete detidos na primeira noite de toque de recolher que, conforme disse neste domingo o governador do estado, Jay Nixon, pode ser mantido por vários dias.
“Temos que manter a população segura e a paz a fim de conseguir a justiça”, disse o governador democrata em entrevista no programa político dominical “State of The Union” da rede “CNN”.
Perguntado sobre se o toque de recolher será mantido durante os próximos dias, o governador afirmou “pode ser”, embora seu desejo seja que acabe a tensão e haja justiça no caso do jovem afro-americano Michael Brown.
Pelo menos uma pessoa ficou ferida e outras sete foram detidas durante os distúrbios que se repetiram na noite passada em Ferguson, onde dezenas de pessoas desafiaram o toque de recolher que vigora da meia-noite às 5h, no horário local. A medida foi decretada ontem após uma semana de distúrbios em protestos pela morte de Michael, que tinha 18 anos e estava desarmado quando foi atingido por um policial em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Na noite de ontem, a polícia disparou gás lacrimogêneo para tentar dispersar dezenas de manifestantes que se mantiveram nas ruas gritando “Se não há justiça, não há toque de recolher”.
A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) enviou dois representantes a Ferguson para estudar a resposta policial aos protestos e se reunir com membros da comunidade, assim como com autoridades locais e do estado do Missouri, ao que pertence a cidade, para documentar os recentes fatos.
Após uma relativa calma depois que na quinta-feira Nixon decidiu transferir a supervisão dos protestos à Patrulha de Estradas, com o capitão Ron Johnson à frente, que teve um papel conciliador, a publicação de um vídeo no qual supostamente Michael é visto participando de um roubo causou indignação e novos incidentes.
O governador lamentou neste domingo a publicação do vídeo no mesmo dia em que foi divulgada a identidade do policial que disparou no jovem, e considerou que teve um efeito “incendiário” e reavivou os protestos.
“Menosprezar a reputação da vítima no meio de um processo como este não é bom”, disse em outra entrevista ao programa “Meet the Press” da “NBC”, no qual garantiu que nem ele, nem a Patrulha de Estradas, nem as autoridades federais sabiam que a polícia local divulgaria o vídeo.
Além disso, o governador assegurou que será feita uma investigação exaustiva sobre morte e lembrou que o Departamento de Justiça enviou 40 agentes do FBI para colher depoimentos dos fatos.
“É evidente que a morte de um jovem de 18 anos pela arma de um agente é algo delicado, não só aqui, no Missouri, mas em todo o país e no mundo, e é importante que o resolvamos bem”, acrescentou.
O procurador-geral, Eric Holder, ordenou que uma equipe médica federal realizasse uma segunda autópsia “devido às circunstâncias extraordinárias que rodeiam o caso e a pedido da família”, segundo informou o porta-voz do Departamento de Justiça, Brian Fallon, em comunicado.
O porta-voz disse que a autópsia será efetuada “o mais rápido possível” e informou que os funcionários do Departamento de Justiça que trabalham no caso também levarão em conta o exame realizado pelas autoridades estaduais para sua investigação.
O advogado da família, Anthony Gray, considerou esta ação um sinal “encorajador” de que a investigação independente está avançando “e isso é o que a família quer”, garantindo que todos os parentes estão “devastados”.
O grupo de defesa dos direitos civis National Action Network convocou para este domingo uma passeata em Ferguson pela “Unidade e a Paz” com a presença do reverendo Al Sharpton, um dos maiores líderes da comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que fez duras críticas quanto a atuação policial neste caso. EFE
elv/cdr
Apesar de toque de recolher, protestos em Ferguson deixam feridos e detidos
Washington, 17 ago (EFE).- Os protestos na cidade americana de Ferguson (Missouri) deixaram um ferido e sete detidos na primeira noite de toque de recolher que, conforme disse neste domingo o governador do estado, Jay Nixon, pode ser mantido por vários dias.
“Temos que manter a população segura e a paz a fim de conseguir a justiça”, disse o governador democrata em entrevista no programa político dominical “State of The Union” da rede “CNN”.
Perguntado sobre se o toque de recolher será mantido durante os próximos dias, o governador afirmou “pode ser”, embora seu desejo seja que acabe a tensão e haja justiça no caso do jovem afro-americano Michael Brown.
Pelo menos uma pessoa ficou ferida e outras sete foram detidas durante os distúrbios que se repetiram na noite passada em Ferguson, onde dezenas de pessoas desafiaram o toque de recolher que vigora da meia-noite às 5h, no horário local. A medida foi decretada ontem após uma semana de distúrbios em protestos pela morte de Michael, que tinha 18 anos e estava desarmado quando foi atingido por um policial em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Na noite de ontem, a polícia disparou gás lacrimogêneo para tentar dispersar dezenas de manifestantes que se mantiveram nas ruas gritando “Se não há justiça, não há toque de recolher”.
A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) enviou dois representantes a Ferguson para estudar a resposta policial aos protestos e se reunir com membros da comunidade, assim como com autoridades locais e do estado do Missouri, ao que pertence a cidade, para documentar os recentes fatos.
Após uma relativa calma depois que na quinta-feira Nixon decidiu transferir a supervisão dos protestos à Patrulha de Estradas, com o capitão Ron Johnson à frente, que teve um papel conciliador, a publicação de um vídeo no qual supostamente Michael é visto participando de um roubo causou indignação e novos incidentes.
O governador lamentou neste domingo a publicação do vídeo no mesmo dia em que foi divulgada a identidade do policial que disparou no jovem, e considerou que teve um efeito “incendiário” e reavivou os protestos.
“Menosprezar a reputação da vítima no meio de um processo como este não é bom”, disse em outra entrevista ao programa “Meet the Press” da “NBC”, no qual garantiu que nem ele, nem a Patrulha de Estradas, nem as autoridades federais sabiam que a polícia local divulgaria o vídeo.
Além disso, o governador assegurou que será feita uma investigação exaustiva sobre morte e lembrou que o Departamento de Justiça enviou 40 agentes do FBI para colher depoimentos dos fatos.
“É evidente que a morte de um jovem de 18 anos pela arma de um agente é algo delicado, não só aqui, no Missouri, mas em todo o país e no mundo, e é importante que o resolvamos bem”, acrescentou.
O procurador-geral, Eric Holder, ordenou que uma equipe médica federal realizasse uma segunda autópsia “devido às circunstâncias extraordinárias que rodeiam o caso e a pedido da família”, segundo informou o porta-voz do Departamento de Justiça, Brian Fallon, em comunicado.
O porta-voz disse que a autópsia será efetuada “o mais rápido possível” e informou que os funcionários do Departamento de Justiça que trabalham no caso também levarão em conta o exame realizado pelas autoridades estaduais para sua investigação.
O advogado da família, Anthony Gray, considerou esta ação um sinal “encorajador” de que a investigação independente está avançando “e isso é o que a família quer”, garantindo que todos os parentes estão “devastados”.
O grupo de defesa dos direitos civis National Action Network convocou para este domingo uma passeata em Ferguson pela “Unidade e a Paz” com a presença do reverendo Al Sharpton, um dos maiores líderes da comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que fez duras críticas quanto a atuação policial neste caso. EFE
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