Aplicativos e carona solidária: polêmicas tendências do transporte no México
Isabel Reviejo.
Cidade do México, 4 jan (EFE). – Os aplicativos para celulares e as novas tendências da economia colaborativa como a carona solidária ganham cada vez mais força no México, mudando o panorama da mobilidade urbana e enfrentando, por sua vez, as críticas das associações de taxistas.
Ao invés de ir até o ponto de táxi mais próximo ou fazer uma ligação para pedir um carro, os usuários podem solicitar um veículo apenas com alguns cliques em um aplicativo. O gesto que está ganhando popularidade é a proposta de empresas como a Uber e a Cabify para contornar os problemas de mobilidade do país.
Ao contrário de outros aplicativos vinculados a táxis com concessão, essas empresas se baseiam no uso de veículos particulares e motoristas que não obtiveram licença oficial, mas se limitaram a superar uma série de controles internos.
Em resposta a esta tendência, o grupo Taxistas Organizados da Cidade do México apresentou em 10 de dezembro uma denúncia perante a Procuradoria Geral da Justiça do Distrito Federal (PGJDF) contra o secretário de Mobilidade do governo do Distrito Federal (Semovi), Rufino H. León Tovar.
Tovar é acusado de omissão perante a atuação da Uber, da Cafiby e “daqueles responsáveis do transporte individual de passageiros na cidade sem concessão”, já que estão quebrando a Lei de Mobilidade, na qual é proibido o uso de veículos particulares com caráter comercial, disse à Agência Efe o porta-voz dos Taxistas Organizados, Daniel Medina.
A denúncia também é dirigida aos responsáveis das empresas Uber e Cabify no México, pelas quais os taxistas perdem aproximadamente 10% de suas rendas diárias, explicou o representante.
“Nos reunimos com as autoridades locais e manifestamos que não somos um substituto do serviço de táxi. Nossos clientes os utilizam todos os dias para certas necessidades e nos utilizam para outras”, argumentou o diretor-executivo da Cabify México, Edgardo Rivera Torres, um dos denunciados.
O que eles oferecem é um serviço de “motoristas particular”, que “não estão contemplados pela regulação atual, e não necessitam de uma permissão para prestar seus serviços”, acrescentou.
Os aspirantes ao posto de motorista cumprem com um protocolo de segurança, que inclui exames psicológicos, toxicológicos e apresentação de antecedentes criminais, que faz com que oito de cada dez sejam recusados.
Outra opção emergente de transporte, menos polêmica e inscrita na chamada “carona solidária”, é a que propõe a Tripda, que acaba de chegar ao México após superar seu período de testes.
Através desta empresa, os usuários podem publicar anúncios de suas próximas viagens e oferecer lugares em seus veículos em troca do preço que eles estabeleçam. Assim, se “divide a despesa de gasolina”, defendeu seu responsável no México, Óscar Rosado, ressaltando que estão dirigidos especialmente à Geração Y (jovens com idades entre 18 e 30 anos), por suas tendências de consumo.
“Sempre estão conectados à rede, têm um sentido mais aberto para ecologia e um menor apego aos bens materiais”, detalhou Rosado.
A Tripda atua com viagens entre municípios, mas também em trajetos dentro das cidades, porque “há rotas no Distrito Federal que, por distância e tempo, são consideradas como de longa distância em outros países” e, além disso, “70% dos carros circulam apenas com um passageiro, um espaço desperdiçado que se transforma em trânsito”.
Na opinião do diretor-executivo da Cabify México, a oposição que encontram por parte do setor de transporte tradicional é natural.
“Acontece em qualquer indústria que passa por uma revolução no serviço. Nenhuma aceita a mudança de maneira passiva. O que acreditamos é que isso é o futuro, uma tendência em nível mundial que não pode ser ignorada. Os clientes não estão sendo manipulados nem hipnotizados, estão buscando algo que não estão obtendo”, opinou.
Ao que o porta-voz dos Taxistas Organizados respondeu que a demanda dos taxistas é que, exatamente, se “profissionalize” a tarefa, para assim melhorar a qualidade do serviço.
“Queremos que haja mais capacitação para dar mais segurança aos usuários”, argumentou Medina. EFE
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