Após 70 anos de Normandia, EUA renovam compromisso militar com a Europa

  • Por Agencia EFE
  • 06/06/2014 14h37

Cristina García Casado.

Washington, 6 jun (EFE).- Setenta anos depois daquele 6 de junho de 1944, dia em que 156 mil soldados aliados desembarcarem em Normandia para mudar o rumo da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos renovam seu compromisso militar com a Europa ao destinar US$ 1 bilhão para aumentar a presença de suas tropas no leste europeu.

O 70º aniversário da operação militar que resultou na libertação da Europa da ocupação Nazista chega em um contexto de frente comum entre Estados Unidos e seus aliados europeus, principalmente pela crise desencadeada após a anexação da península ucraniana da Crimeia à Russia.

Diante do desafio russo e do temor dos países aliados perante a um afã expansionista de Moscou na região, Obama disse nesta semana em Varsóvia que pediu ao seu Congresso autorizar a verba de US$ 1 bilhão para aumentar a presença militar no leste da Europa.

Esta medida servirá para reforçar a dotação americana em territórios aliados, como a Polônia e os países bálticos, assim como para efetuar exercícios militares com a ex-repúblicas soviéticas, como Moldávia, Geórgia ou a própria Ucrânia.

Nos atos de comemoração do 70º aniversário daquele “Dia D” em Normandia, Obama e seus aliados europeus coincidirão com o presidente russo, Vladimir Putin, uma imagem pontual de conciliação dentro dos atritos ocidentais com o Kremlin.

O presidente francês e anfitrião da homenagem, François Hollande, lembrou recentemente que, apesar das tensões atuais, “o povo russo deu milhões de vidas durante todo esse combate” para que a Europa se livrasse do nazismo.

Junto a 19 chefes de Estado e de governo, os protagonistas daquele épico desdobramento, a maior operação militar aeronaval da história, se deslocarão à praia francesa de Ouistreham.

A cerimônia do 70º aniversário se mostra particularmente emotiva porque para muitos dos veteranos que fizeram história naquele dia 6 de julho será a última grande comemoração na qual eles poderão narrar um pouco sua história, já que boa parte deles já superam os 90 anos.

Nos atos do 65º aniversário do desembarque, realizados em 2009 no Cemitério Americano de Colleville, Obama se reuniu com um veterano muito especial: seu tio-avô Charlie Payne, que fazia parte do contingente americano que contribuiu para libertação do campo de concentração de Buchenwald e suas instalações satélites em 1945.

Em várias ocasiões, o presidente americano fez referência à história de seu tio-avô para ressaltar sua conexão pessoal com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o Holocausto judeu.

Embora os principais atos de comemoração se concentram no cenário do “Dia D”, organizações de veteranos, instituições e museus também honrarão a memória dos que combateram contra as tropas nazistas pela libertação da Europa nos Estados Unidos.

Os veteranos americanos do desembarque que não puderam se deslocar à França compartilharão suas lembranças daquela jornada durante 15 horas sem interrupção no Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial, situado em Nova Orleans.

O canal de televisão do Pentágono emitirá durante todo o dia filmes e documentários sobre o mítico desembarque, como o recordado “O Resgate do Soldado” (1998), o filme que muitos consideram a obra definitiva sobre esse assalto e que conta com Tom Hanks como protagonista.

Outros filmes sobre aquele dia histórico poderão ser vistos na National Portrait Gallery de Washington, que dedicará uma conferência especial ao ex-presidente americano Dwight Eisenhower, o então general no comando da operação.

Ao todo, essa história ação bélica contou com 39 divisões, mais de cinco mil navios embarcações, entre navios de transporte e navios de guerra, 5.049 caças, 3.467 bombardeiros, 2.343 aviões diversos, 2.316 transportes aéreos e 2.591 planadores.

Mais de 260 mil soldados, entre aliados e alemães, morreram nos três meses de combates que seguiram ao desembarque e que permitiram a libertação de Normandia.

A cerimônia deste ano em honra aos caídos nessa complexa operação, e com a tensão entre ocidente e Rússia como cenário de fundo, contará com Hollande, Obama, Putin, a chanceler alemã, Angela Merkel, e a rainha Elizabeth II da Inglaterra, entre outros líderes.

Obama não prevê aproveitar a ocasião para manter uma reunião bilateral com Putin, como será feito com outros líderes, em um momento em que os EUA trabalham com seus aliados europeus para pressionar o Kremlin através de sanções econômicas para frear a tensão na crise ucraniana.

Neste contexto de forte tensão entre Washington e Moscou, os EUA querem lembrar com seu investimento de reforço à Europa seu compromisso militar com os aliados e o caráter estratégico dessa histórica aliança. EFE

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