Após acordo com o governo, protesto de crucificados termina no Paraguai
Assunção, 29 jan (EFE).- Os cinco crucificados de Assunção, presos a uma madeira em frente à embaixada brasileira há semanas para reivindicar direitos trabalhistas da hidrelétrica Itaipu, encerraram o protesto nesta quinta-feira após a promessa do governo paraguaio de voltar a dialogar com a hidrelétrica.
Quatro dos crucificados, que começaram o protesto antes do Natal, deram fim a quase dois meses de reivindicações.
“Recebemos uma promessa do governo para recomeçar de maneira imediata a mesa de diálogo com Itaipu. Foi fruto de nossa luta, de nossos 58 dias acampados aqui, do imenso sacrifício dos companheiros”, disse à imprensa Carlos González, porta-voz da Coordenadoria Geral dos Ex-trabalhadores de Itaipu e Terceirizados.
O ministro do Trabalho, Guillermo Sosa, foi pessoalmente à embaixada brasileira em Assunção, sede dos protestos, para ratificar o acordo firmado e saudar os crucificados.
Sosa e González trocaram duas cartas nas quais o Ministério do Trabalho expressou a vontade de intermediar para retomar a negociação com Itaipu.
Os ex-funcionários se comprometeram a finalizar as crucificações e retirar o acampamento instalado em frente à embaixada, que recebeu centenas de antigos trabalhadores da hidrelétrica durante o período de protestos.
“Me sinto muito feliz. Parecia que nossa luta era algo impossível, mas a completamos agora”, declarou à Agência Efe Gerardo Orué, ex-funcionário de Itaipu, de 49 anos, que passou os últimos 51 dias preso a uma cruz de madeira.
Rosa Cáceres, de 52 anos, esposa e mãe de ex-funcionários da hidrelétrica e crucificada há 44 dias, expressou sua esperança de que haja “uma resposta positiva” que satisfaça suas reivindicações.
Junto a Cáceres e Orué, os outros crucificados, Roque Samudio e Roberto González, há 51 dias presos na estrutura de madeira, e Pablo Garcete, de 71 anos, que completou 31 dias na mesma condição, esperavam que o médico do grupo extraísse os pregos de suas mãos e desinfetasse os ferimentos abertos.
A única vez que abandonaram as cruzes foi na segunda-feira passada, quando foram presos a outros pedaços de madeira mais leves, com os quais protagonizaram uma passeata de protesto pelos dois quilômetros que separam a embaixada do Panteão dos Heróis, no centro de Assunção.
“Este foi o dia mais difícil para todos, pelo calor e pela distância. A duras penas conseguiram chegar”, contou Liborio Brizuela, médico encarregado de prestar atendimento ao grupo.
O grupo de ex-trabalhadores paraguaios da hidrelétrica, compartilhada por Brasil e Paraguai, reivindica o pagamento de direitos trabalhistas retroativos que os governos de ambos os países se comprometeram a conceder por meio de um convênio assinado em 1974.
Carlos González disse à Efe que, apesar do fim das crucificações, “a luta começa agora”, já que os ex-trabalhadores começarão a “discutir as quantias e prazos dos pagamentos” com as autoridades da hidrelétrica. EFE
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