Após chacina, prefeito de Osasco afirma que há temor de represálias

  • Por Jovem Pan
  • 14/08/2015 16h06
OSASCO, SP - 14.08.2015: VIOLÊNCIA-SP - A noite mais violenta do ano na Grande São Paulo deixou ao menos 20 pessoas mortas e sete feridos em Osasco e Barueri, em um intervalo de aproximadamente duas horas e meia, na noite desta quinta-feira (13). Na maioria dos casos as ações foram semelhantes, homens encapuzados estacionaram um carro, desembarcaram e dispararam vários tiros contra as vítimas. Em alguns locais dos crimes, testemunhas disseram que os assassinos perguntavam por antecedentes criminais, o que definia vida ou morte das pessoas. (Foto: Avener Prado/Folhapress) Avener Prado/Folhapress Avener Prado/Folhapress

A maior chacina registrada neste ano no Estado de São Paulo, ocorrida nos municípios de Barueri, Osasco e Itapevi, resultou em 19 mortes e sete pessoas feridas na noite desta quinta-feira (13). Em entrevista a Jovem Pan, o prefeito de Osasco, Jorge Lapas (PT), afirmou que há temor de represálias, mas que a situação na tarde desta sexta-feira (14) já é “mais tranquila” e que a cidade já está tomando as providências necessárias para o momento.

“Convoquei todo o efetivo da guarda municipal para dar a tranquilidade que a população precisa. Neste momento vivemos uma situação mais tranquila, mas não podemos vacilar”, explicou. Lapas disse ainda que conversou nesta manhã com o governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), e que este garantiu um reforço no policiamento da cidade para que volte à normalidade.

Em entrevista à imprensa nesta sexta, o secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre de Moraes, informou que não está descartada a hipótese de retaliação pela morte de um policial militar e um guarda civil metropolitano. O policial foi vítima de latrocínio, roubo seguido de morte, na última sexta-feira (7), em um posto de gasolina em Osasco. Na quarta-feira (12), um guarda também foi assassinado.

Assim como o secretário, o prefeito de Osasco, não confirmou a hipótese e ressaltou: “a gente nunca sabe. Pode ser isso que tenha provocado. A motivação de tudo isso a gente não sabe”.

Lapas destacou ainda os problemas no transporte público, que chegaram a ser interrompidos na parte da manhã por receio de motoristas e cobradores, e mais tarde, problemas no serviço funerário para atendimento às vítimas.

“No primeiro momento me disseram deste tipo de problema [no serviço funerário], mas o IML precisa ir liberando os corpos. Mas é uma situação totalmente anormal. Preocupação de onde seriam velados. A capacidade que temos é de 18 pessoas, abrimos um gnásio para que as famílias possam velar seus entes queridos”, disse o prefeito. “É uma tristeza grande, são muitas famílias, estamos pedindo para assistentes sociais ajudarem estas famílias e minimizarem esse sofrimento”, completou.

Sobre o vídeo com imagens da execução em Barueri, que mostra a ação dos criminosos, Lapas confirmou que estes perguntam “quem aqui tem passagem pela polícia?” e aqueles que admitem são executadas. “O governador me garantiu que o secretário de Segurança irá me passar as informações ainda hoje. Cheguei a conversar com o secretário, de manhã tive dificuldade de falar com ele. Não sei se liguei no telefone certo, mas na hora do desespero…”, contou.

“Osasco é uma cidade com baixo índice de criminalidade. Já teve seus momentos no passado ruins, mas hoje é uma cidade muito tranquila, de povo trabalhador e nós precisamos dar esta segurança. Eu vou dar todos os esforços com as forças policiais municipais e junto com o governador para que a gente possa voltar à esta normalidade”, finalizou.

Investigação e acompanhamento do MP

A Secretaria de Segurança Pública formou uma força-tarefa para investigar os crimes, com 50 policiais civis, entre eles 20 investigadores e delegados do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), além de 12 peritos e oito médicos-legistas que farão as necropsias. Os corpos seguem para a capital paulista antes de serem entregues às famílias.

Três promotores de Justiça foram designados pela Procuradoria-Geral de Justiça para acompanhar a investigação policial que apura a chacina. Segundo o Ministério Público, o caso terá participação dos promotores Marco Antonio de Souza e Helena Bonilha, de Osasco, e Vitor Petri, de Barueri, todos do Tribunal do Júri.

A investigação contará também com a colaboração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, e o Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial.

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