Após derrota interna em votação, Tsipras precisa restabelecer estabilidade

  • Por Agencia EFE
  • 16/07/2015 16h05

Ingrid Haack.

Atenas, 16 jul (EFE).- A votação do pacote de reformas no parlamento foi um duro golpe para o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, que após ver 40 deputados se mostrarem contra a medida, tem agora que buscar fórmulas para garantir a estabilidade política na Grécia.

Esperava-se que Tsipras anunciasse nesta quinta-feira uma remodelação do governo e, após uma reunião com sua equipe de colaboradores mais próximos, o primeiro-ministro optou por não movimentar o gabinete, pelo menos por enquanto, segundo fontes do governo.

“Hoje não será anunciada a remodelação”, disseram laconicamente as fontes.

Ao longo do dia, vários veículos de imprensa especularam quem poderiam ser os substitutos dos membros do governo – um ministro e três ministros adjuntos – que muito provavelmente deixarão o cargo após votarem contra o acordo com a zona do euro.

Esta primeira lei de reformas pactuadas com os parceiros de zona do euro, condição para iniciar as negociações de um terceiro resgate financeiro à Grécia, foi realizada na madrugada de ontem sem que o governo conseguisse maioria parlamentar própria e só foi aprovada graças ao apoio da oposição.

Nada menos que 32 deputados da coalizão governante Syriza votaram contra, seis se abstiveram e um se ausentou.

Entre os votos negativos, destacaram-se o do já ex-ministro de Finanças, Yanis Varoufakis, o do ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, e o da presidente do parlamento, Zoi Konstantopoulou.

Para manter uma certa estabilidade governamental, acredita-se que Tsipras terá que substituir Lafazanis, porta-voz da corrente do Syriza mais à esquerda, assim como os ministros adjuntos de Seguridade Social, Dimitris Stratulis; Defesa, Kostas Isikos; e Finanças, Nadia Valavani.

Esta última foi a única que tinha deixado voluntariamente o cargo antes da votação crucial, com o argumento – não partilhado pelos outros companheiros dissidentes – de que não poderia estar em um governo se não apoiasse 100% as medidas tomadas por ele.

O ministro do Interior, Nikos Voutsis, reconheceu hoje que o governo esteve ontem à noite a três deputados de cair, pois tinha se colocado como limite político e moral ter mais de 120 votos próprios a favor, e obteve 123.

Tsipras tinha deixado claro de antemão, e voltou a repetir ontem no parlamento, que seu objetivo imediato é cumprir sua promessa de fechar as negociações com os sócios para um terceiro resgate (de 86 bilhões de euros).

A partir daí, estudaria como resolver os problemas internos, disse o líder esquerdista, dando a entender a possibilidade de eleições antecipadas.

Voutsis foi muito mais claro e, em entrevista à emissora de rádio “Sto Kokkino”, afirmou que é “muito possível que sejam realizadas eleições”, provavelmente em setembro ou em outubro.

Nâo se descartava hoje na imprensa grega a possibilidade de Tsipras se ver obrigado a renunciar na semana que vem, se na segunda votação sobre o pacote de reformas sofrer uma derrota semelhante ou pior que a de ontem à noite.

Nesse caso, ele poderia ter que formar um governo de ampla coalizão, cujo único objetivo seria concluir com sucesso as negociações para um resgate – sem o qual a Grécia estivesse definitivamente sujeita à falência – e depois abrir espaço para novas eleições.

O governo formado por Tsipras após a vitória nas eleições de janeiro conta como parceiro o partido minoritário, nacionalista e de direita Gregos Independentes, que ontem à noite votou a favor das reformas exigidas pela zona do euro. EFE

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