Após exemplo de Cuba, Bolívia e EUA dão passo para reaproximação diplomática
La Paz, 11 ago (EFE).- Após muitos anos de tensão, Bolívia e Estados Unidos concretizaram nesta terça-feira um primeiro passo para uma futura reaproximação diplomática, seguindo o exemplo entre Washington e Cuba, relação que terá na sexta-feira um novo marco com a reabertura da embaixada americana em Havana.
O movimento foi protagonizado pelo próprio presidente da Bolívia, Evo Morales, e pelo encarregado de Negócios do EUA, Peter Brennan, máximo representante americano no país.
É o primeiro encontro de Morales com um alto representante dos EUA em La Paz desde maio de 2009, quando o presidente recebeu o então secretário-adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Thomas Shannon.
Morales informou que há possibilidade de melhorar as relações entre os dois países, que se encontram no nível de encarregados de negócios desde 2008, quando ocorreram as expulsões dos embaixadores Philip Goldberg e Gustavo Gúzman.
Não foi definida uma data para um novo envio de embaixadores, mas foram abordados na reunião os avanços registrados na relação comercial entre os dois países, marcada pelo crescimento das exportações bolivianas.
O presidente boliviano disse após o encontro, em entrevista coletiva, que antes os EUA sugeriam que o país não tivesse relações com Cuba e o Irã, mas agora mudaram de ideia.
“Não podemos estar fora dessas relações em um contexto internacional muito importante no aspecto político. E estamos aqui para retomar as boas relações com o governo dos EUA”, disse.
Segundo os dados oficiais, as exportações da Bolívia para os EUA aumentaram 300% no período entre 2006 e 2014, passando de US$ 300 milhões para US$ 1,2 bilhão.
Os americanos são o terceiro parceiro comercial da Bolívia, atrás de Brasil e Argentina, mas o comércio com os dois líderes do ranking é dominado pelas exportações de gás natural boliviano.
Por outro lado, Brennan destacou que existem “interesses mútuos” para melhorar as relações bilaterais e os avanços para que o setor privado produtivo boliviano participe dos programas americanos.
Em declarações à imprensa após o encontro, o encarregado de negócios dos EUA na Bolívia ressaltou a importância da visita de Kerry a Havana, afirmando que modifica as relações na região.
Apesar das manifestações para o retorno de um diálogo com os EUA, horas depois, em um ato com camponeses, Morales voltou a relacionar os americanos com supostos planos para desestabilizar os governos “anti-imperialistas” da América Latina. EFE
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