Após manifestação por liberdade em Hong Kong, 500 pessoas são detidas

  • Por Agencia EFE
  • 02/07/2014 09h35

Hong Kong, 2 jul (EFE).- Quinhentas pessoas foram detidas nesta quarta-feira em Hong Kong após participar de uma sentada noturna a favor do sufrágio universal e de uma maior liberdade democrática na ex-colônia, um dia após uma histórica manifestação que com essas mesmas reivindicações mobilizou mais de 500 mil hongkoneses.

Os detidos faziam parte de um grupo de participantes dessa manifestação, convocada no 17º aniversário do retorno de Hong Kong à soberania chinesa, que decidiram concluir a marcha sentando no distrito central da cidade, às portas do escritório do chefe do governo de Hong Kong.

A polícia permitiu a realização da passeata, como cada 1 de julho, mas considerou ilegal a sentada e de madrugada começou a deter aos participantes, o que não impediu que alguns deles permanecessem na zona até primeira hora da manhã.

No total foram detidos 351 homens e 160 mulheres, entre os que há parlamentares locais, como o legislador do Partido Democrata e reconhecido advogado de direitos humanos Albert Ho, quem defendeu ao ex-técnico da CIA Edward Snowden durante sua estadia em Hong Kong.

Por volta das 8h locais (21h de Brasília), os principais líderes dos protestos ainda presentes deram por finalizada a sentada em tanto se ia retomando o tráfico na zona afetada, o principal distrito financeiro da cidade.

Os manifestantes detidos estão acusados de reunião ilegal e obstrução aos agentes, segundo assinalaram fontes policiais.

Joshua Wong, membro do grupo ativista estudantil Scholarism, um dos organizadores dos protestos, pediu aos manifestantes não detidos que limpassem as ruas assim que acabasse o protesto e se dirigissem a dependências policiais para pedir a libertação dos detidos.

O ato de sentar aconteceu depois que centenas de milhares de pessoas marcharam na terça-feira pelas ruas de Hong Kong a favor de maiores liberdades democráticas, em uma das maiores manifestações registradas na cidade na última década.

Os ativistas democráticos, criadores do movimento “Ocupar o Distrito Central Com Paz e Amor” (OCPL, por sua sigla em inglês), organizaram além disso nos dias passados um referendo extra-oficial no qual 800 mil cidadãos, 25% do eleitorado, pediu o sufrágio universal para escolher ao chefe executivo de Hong Kong.

Quem atualmente ocupa esse cargo CY Leung, disse ontem, em um ato de comemoração do retorno do território à China, que seu governo está tentando forjar um consenso sobre a reforma política.

Por sua vez, na China a onda de protestos em Hong Kong tentou hoje ser minimizada pela imprensa oficial, onde se emprestou pouco espaço à manifestação do terça-feira.

Os jornais “Diário do Povo” e “Global Times”, porta-vozes do Partido Comunista da China (PCCh), publicaram artigos de opinião que criticavam aos organizadores.

“O governo central não deve fazer concessões aos manifestantes pró-democracia”, apontava um artigo do “Diário do Povo”, que advogou por um Hong Kong “dirigido por patriotas”.

“O patriotismo é um sentimento natural e só é questão de tempo que o comando da cidade esteja nas mãos de um patriota”, destacou.

As reivindicações públicas contra o controle do governo comunista se intensificaram depois que o passado 10 de junho Pequim tornou público o chamado “Livro Blanco de Hong Kong”, um documento que afirmava que a autonomia da ex-colônia devia estar supervisada por Pequim.

“Alguns entenderam mal, ou interpretaram deliberadamente mal o Livro Blanco”, publicou o “Diário do Povo” sobre o assunto.

O “Global Times” também criticou as reivindicações dos manifestantes, que “são cada vez mais diversas, já que (os grupos) incluem também dissidentes procedentes da parte continental e inclusive partidários dos direitos dos homossexuais”. EFE

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